31 de dezembro de 2011

Último dia do ano

Como é hábito neste dia, vai andar toda a gente por aí a celebrar o ano novo. Eu nunca gostei muito das passagens de ano, embora tenha naturalmente excelentes recordações destas ocasiões, na companhia dos meus primos, amigos, esposa ou pais. No entanto sempre achei patético ter de estar forçosamente bem disposto só por ser o último dia do ano.
E se me apetecer andar chateado? Ora, não posso porque este dia é para festejar! Quem é que me obriga? 
Mais, temos de andar a planear a noite, passar o dia a cozinhar, comprar coisas mais caras, porque o momento assim obriga e à meia-noite já temos de andar a puxar a carroça, enpanturrados e metade do comer, que até faz mal como o raio, vai para o lixo. Se assim não for até estranhamos.
Portanto, cá em casa optámos por não entrar em loucuras e estragações, a noite será passada de forma calma, ou pelo menos faremos por isso, sem exageros desnecessários. 
A todos desejo que o 2012 não confirme as piores expectativas, que seja um ano surpreendente pela positiva sem as aflições previstas. 
Bom Ano!

30 de dezembro de 2011

Balanço de 2011

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Com o aproximar do final do ano começam-se a ouvir os vários balanços do ano que termina, o melhor, o pior, o assim-assim, enfim o habitual. A prática acaba por ser normal e lógica visto vivermos muito em função de barreiras psicológicas. 
Nos últimos anos tenho tentado não me preocupar e se calhar até evitar fazer estas análises anuais, bem como de elaborar uma lista mental de objectivos e intenções para o ano que se aproxima. Esta opção tem uma justificação muito simples, estes processos são geralmente uma perda de tempo que não levam a lado nenhum e muitas vezes só geram uma enorme frustração por não se ter feito isto ou aquilo que se tinha prometido numa precipitação de fim-de-ano.
Por passar uma meia-noite não me torno melhor ou pior e não estarei mais motivado para fazer o que se calhar até aí não tinha conseguido, mesmo que por preguiça. 
Andar a analisar épocas de 365 dias com tantos acontecimentos que porventura pouco dependeram da minha vontade, também me parece inconsequente. Um ano não se resume a bom ou mau por ter tido dois ou três acontecimentos felizes ou infelizes. E nada muda por o resumir dessa forma. 
De acordo com as previsões astrológicas, nas quais acredito cegamente (ironia), o ano de 2012 vai-me ser muito favorável portanto basta-me isso para ficar descansado. 

28 de dezembro de 2011

E os Vencedores são:

Galardão Fulano...que é o maior da aldeia - José Sócrates, pelo esforço desenvolvido ao longo de vários anos que culminou no fosso em que nos encontramos. Não foi o único responsável mas foi certamente um dos maiores, percebendo-se agora porquê, o ex-Primeiro Ministro não gosta de pagar a quem deve.

Galardão Fulano... que canta umas cantigas - Vitor Gaspar, ainda a procissão vai no adro e não param de chover cantiguinhas. O Ministro das Finanças tem já previsto um enorme repertório para justificar as lixadelas a que o estado nos vai sujeitar. O ritmo do afundanço não abranda e não tarda nada, já meio país vai nos botes salva-vida ao som deste intérprete.

Galardão Fulano... que é um atleta quase Olímpico -  André Villas-Boas, as provas não param e o atleta continua a correr classificação abaixo, prometendo ficar na história do Chelsea como o pior treinador dos últimos anos. Colocou-se em bicos de pés demasiado cedo no sprint e arrisca-se a perder a embalagem cedo demais.

Galardão Fulano... cintilante - Cátia "da Casa dos Segredos", a dançarina de cabaré continua a marcar pontos no ranking da asneirada com raciocínios e pérolas do mais impressionante que alguma vez foi dito. Conseguiu chegar ao final do também cintilante concurso. Notável! 

Contrariamente às outras categorias, o “Galardão Fulano…que tem um trajecto impressionante" não está sujeito a disputa entre nomeados, como já havia sido referido na apresentação inicial. Este é um galardão maior, atribuído por designação directa visando distinguir alguém com um trajecto ímpar, ou quase.
O vencedor do Galardão é alguém cujo percurso é absolutamente brilhante, com acções dignas de um justo merecedor de tal honra. Nesta edição o Homem escolhido é alguém com obra, indiscutível e inequívoco, sendo a personalidade natural para a conquista do galardão. O vencedor é:
Pinto da Costa - Com uma carreira que fala por si, não vou justificar melhor a atribuição do galardão para não correr o risco de alguém me partir um braço, tal como aconteceu a um senhor ex-vereador da Câmara Municipal de Gondomar. 

Férias a bom ritmo

As férias continuam a bom ritmo, e hoje mais uma série de coisas planeadas a cumprir. O dia começou logo às 7h da madrugada para ter a segunda aula de mota, hoje particularmente dura por estar apenas 1,5 ºC! Mesmo com luvas e casaco o frio não deu tréguas, quando cheguei ao fim da aula, hoje já à solta na via pública, nem sentia os dedos e as mãos. Não houveram grandes sobressaltos, excepto nos 8's cujos dois primeiros saíram mais largos que a via e acabei por subir ao passeio e mais uma ou outra azelhice de deixar a mota ir abaixo. A tradição ainda é o que era.
Para o início da tarde reservei uma ida ao hospital de Santo André, em Leiria a fim de me ser recolhida uma amostra de sangue para ser inscrito no banco de dadores de medula óssea. Há dois ou três anos que andava para lá ir e sempre foi passando, agora se calhar pela mediatização pelo infortúnio do filho do Carlos Martins, pus na minha lista de prioridades essa tarefa para quando tivesse tempo. Não me desloquei lá pelo filho do Carlos Martins. Quis estar disponível para ser dador de medula pelo filho do Carlos Martins, pela minha filha, pelos filhos de quem estar a ler este texto e por quem não está a ler. 
A simplicidade do processo e importância que ele pode ter na vida de alguém fez-me pensar que iria viver mal com a minha consciência caso não desse esse  ínfimo passo e optasse pela atitude mais preguiçosa. Quando saí de lá saí orgulhoso de mim próprio e queira Deus que um dia possa ajudar alguém necessitado. 

26 de dezembro de 2011

Primeira aula

Acabei de chegar da minha primeira aula de condução de mota e o balanço que posso fazer é bastante satisfatório. Para quem a experiência de mota é nula ou quase (visto um amigo meu ter tido a gentileza e paciência de me aturar a deixar-lhe a moto 4 ir abaixo durante meia tarde na semana passada) ter conseguido deixar a mota ir abaixo apenas duas vezes na primeira aula é quase um motivo de orgulho. 
Felizmente que o instrutor é um tipo porreiro e compreensivo, pois calhar-lhe um azelha na rifa não deve ser fácil. Depois de um outro aluno levar a mota até um local com pouco ou nenhum trânsito e bastante espaçoso, começou a saga. Meti o meu novo capacete, levantei a perninha para passar por cima do banco e lá estava eu, ali sentado numa mota daquelas a sério. Qual Peter Fonda!
O instrutor explicou-me as funcionalidades das "alavancas" e finalmente ia meter a primeira! Resultado: "Vá, carrega aí outra vez no botão da ignição" - disse o instrutor. À segunda tentativa arranquei mesmo na máquina de quase 200 kg, e não estou a brincar consegui mesmo arrancar!
A partir daí dei mais umas duas ou três voltas ao circuito improvisado, fiz uns quantos "8's" como mandam as regras e dei lugar ao outro aluno. Obviamente que me senti um bocado um estranho, todos os movimentos e condução foram muito pouco naturais, ainda tenho de pensar em tudo o que faço e para que é que os botões servem antes de executar uma acção. No entanto gostei bastante da mota, que sendo um maquinão, é muito suave e intuitiva. Chato mesmo é andar de óculos e capacete!
Na próxima quarta-feira às 8h da manhã há mais!

24 de dezembro de 2011

É Natal!


Estamos finalmente na véspera de Natal, embora a época natalícia já tivesse começado oficialmente no dia em que deu o "Sozinho em casa". Nos últimos anos tenho-me distanciado do Natal, aliás desde que faleceu a minha avó paterna em 1995, o Natal nunca mais foi o mesmo. 
Para mim o Natal, celebração do nascimento do menino Jesus, era o fenómeno mais acentuado da vivência em família, e a perda da minha avó parece ter afectado bastante esse espírito. Continuo a achar que vale a pena termos esta época no calendário e continuo a gostar de a viver, simplesmente tem uma intensidade diferente, uma nostalgia e mágoa que antigamente não era sentida, se calhar pela minha inocência.
Ultimamente tenho-me lembrado mais do Natal dos outros do que propriamente do meu, por culpa das notícias e das circunstancias actuais. Felizmente não me posso queixar do meu natal, até porque cada vez mais me satisfaço com menos, no entanto, deixa-me um bocado "quebrado" saber que nem toda a gente terá um natal minimamente agradável, por estar sem emprego, ter uma reforma miserável, estar doente ou sozinho. O Natal infelizmente também é esta realidade.
Pela primeira vez este ano vou passar o Natal sem ser na companhia dos meus pais mas na companhia dos meus sogros e cunhados. O Natal será igualmente bom, será igualmente em família, mas obviamente sendo filho único e assumidamente "menino dos papás", fazem-me muita falta. Se calhar também me fazem falta por saber que lhes faço falta a eles tal como a minha filha e esposa. Para minimizar a ausência almoçámos com eles e amanhã repetimos o momento. Como não partilhamos a consoada trocámos presentes mais cedo, que felizmente não podia ter sido melhor. A minha melhor prenda foi absolutamente extraordinária, a felicidade estampada num sorriso emocionado dos meus pais quando lhes demos uma tela com a fotografia da pequenita.
Feliz Natal! 

21 de dezembro de 2011

Férias

Hoje depois de almoço comecei oficialmente as minhas férias! Normalmente opto por ter as minhas férias distribuídas ao longo do ano, não gosto de as gastar todas de uma vez e não gosto de as esgotar antes do final do ano, isto porque nunca se sabe se não se vai precisar de um dia ou outro por causa de uma "dor-de-barriga".
Sempre que posso prefiro ter duas semanas de férias no Verão, preferencialmente coincidindo com as da minha esposa e da família que vem de fora, ou seja, em Agosto. Gosto também de tirar duas semanas por altura do Natal, visto ser uma época de muita agitação com festas e stresses, portanto nada melhor do que ter o tempo disponível. As restantes que sobrarem são gastas em função das circunstâncias.
Para estas férias tenho naturalmente muitos planos, de coisas que quero fazer, outras que devo fazer e uma ou outra que sou mesmo obrigado a fazer. Vamos ver se o "programa das festas" é cumprido ou não, sobretudo sem chegar ao início do novo ano mais cansado do que estou neste momento.

20 de dezembro de 2011

Vaclav Havel Vs Kim Jong-Il

Este último fim-de-semana trouxe-nos a notícia da morte de dois homens de estado incontornáveis na história dos seus países e também mundial. Se um deles deixará muitas saudades pelo papel heróico que teve na defesa dos oprimidos no seu país, lutando contra o comunismo, o segundo foi o reverso dessa medalha. 
Vaclav Havel, dramaturgo bem sucedido, foi o ícone pacifista do seu país tendo sido o último presidente da república Checoslovaca e actor preponderante na revolução de veludo que depôs o regime comunista em 1989. Mais tarde seria também o primeiro presidente da República Checa, após a separação da Eslováquia, mantendo-se no poder democraticamente até 2003. Ao longo da sua vida "revolucionária" foi perseguido e preso por se insurgir através das suas acções e obras que alertavam para os abusos dos direitos humanos sofridos pelo seu povo.
Kim Jong-Il, tirano implacável, foi o sucessor do anterior ditador e seu pai Kim Il-Sung. Kim Jong-Il seguiu os mesmos princípios do seu pai na aplicação da ideologia Juche, que defende a auto-suficiência do país. Com as suas políticas opressoras e totalitárias encaminhou o seu país para um fosso de pobreza, onde a liberdade de expressão é a esperada nestes regimes, ou seja, nula.
É certo que não sou grande consumidor de televisão e as imagens transmitidas são sempre as mais convenientes para os media, no entanto lamento que ideia veiculada tenha sido a de a morte mais chorada, de forma hipócrita e propagandista ou não, ser a de Kim Jong-Il.

18 de dezembro de 2011

Botões de punho

Ontem um casal amigo de Braga decidiu celebrar a sua união pelo casamento, convidando-nos para assistir a esse momento marcante. Levantámo-nos cedinho, organizámos as tralhas e partimos, com a intenção de lá chegar antes de almoço para não andarmos em correrias. 
Com uma pequena ajuda do GPS e algum sentido de orientação, cumprimos o horário estipulado e por volta do 12h30 já andávamos à procura de almoço pelas praças de Braga, com o check-in feito no hotel e bagagem depositada no quarto. Com alguma sorte encontrámos um bom restaurante com comida deliciosa e barata, como se quer, e retornámos ao quarto para calmamente no aperaltarmos. 
Ainda deu para ver um bocado TV descontraidamente e às 15h10 estava já quase vestido, completamente dentro do programa estabelecido, visto o casório ser só à 16 horas, senão quando não consigo dar com o raio dos botões de punho da camisa. Após uma stressante procura lá concluí que não me tinha acompanhado na viagem. Primeira e óbvia preocupação, resolver o problema que passava por arranjar qualquer coisa que prendesse os punhos da camisa, ainda para mais sendo eles de dobra. 
Como não consegui arranjar nada suficientemente eficaz, optei por sair à procura de um local onde comprar uns baratos para desenrascar. Com o tempo a correr contra nós, acelerámos a passada até uma ourivesaria que nos mandou para a o pronto-a-vestir em frente. Expliquei o que pretendia ao senhor que depois de me mostrar um resto de stock, um tanto ou quanto inadequado para a minha camisa, se propôs a pregar-me um botão de cada lado. À falta de melhor, siga!
De repente o senhor manda-me esperar, abre uma camisa que tinha na exposição, saca dos botões de punho da dita e dá-mos. Perguntei quanto lhe devia e ele, "Nada". Nada?!
Agradeci-lhe encarecidamente por me ter salvo o dia e continuámos o plano do dia já com 10 minutos de atraso. O casamento correu bem, boa comida, bom ambiente, espaço agradável e noivos felizes.
Hoje levantei-me e regressei à loja para lhos devolver, para grande pena minha estava fechada e não tinha caixa de correio. Desagradou-me não poder devolver ao senhor da loja os pequenos botões de punho em plástico e agradecer-lhe uma última vez antes de lhe desejar um Bom Natal. Se há coisa que ele merece é um Bom Natal, não pelo valor dos botões de punho mas pelo valor do seu gesto, mesmo sem me conhecer de lado nenhum. 

15 de dezembro de 2011

Dia de reclamações

Há dias que parece amanhecerem para embirrar connosco! No trabalho as coisas até correram bem e não houveram preocupações de maior, depois das 18h30 é que as coisas já não foram tão pacatas. 
No início de Dezembro decidimos mandar fazer duas telas com fotografias para oferecer no Natal, como sei que nem sempre a impressão inclui a armação interna em madeira, perguntei ao funcionário da grande superfície onde optámos por mandar fazer o trabalho se o preço em causa incluía essa estrutura. A resposta foi inequívoca "Claro que sim!". Pois bem hoje o resultado final era diferente, apenas dois panos com a fotografia imprimida, até porque segundo os seus colegas e respectivo superior hierárquico nem fazem aquele tipo de trabalho! Abreviando a história, o resultado foi uma reclamação formal.
Peguei no canudo e desloquei-me a uma loja para colocar a dita armação, e ao abrir uma das tela reparei num risco na impressão, resultado de um qualquer arranhão. Regresso à loja para novo protesto e o comprometimento do manda-chuva em solucionar a questão até terça-feira.
Finalmente hora e meia depois estava em casa. Jantei, preparei a tralha para o dia seguinte e chegou a hora de deitar a pequenita. Como todos os dias lá ocorreu toda uma série de procedimentos, desde a mudança de fralda, vestir o pijamita, uns beijitos, uns sorrisos, chupeta e cama para a tarefa mais árdua a que ela obriga, adormecê-la! Hora e meia depois de muitas reviravoltas, fechar de olhos e abrir resultado do barulho constante feito pelos vizinhos de cima, lá adormeceu. Após três anos de crianças aos saltos até altas horas, conversa à varanda em alta voz às tantas da manhã, arrojar com tudo quanto é móvel, gritaria e afins, peguei em mim e resolvi subir pela primeira vez um andar de elevador, tocar à campainha e explicar à senhora que assim é difícil viver, explicando-lhe calmamente os motivos. 
A vizinha mostrou-se compreensiva, dando os seus pontos-de-vista e explicando que se tem esforçado comprometendo-se a tentar moderar-se a ela e às filhas, mas que é difícil controlar as crianças antes das 10 horas! Regressei a casa e sentei-me ao computador a relatar este belo dia acompanhado pelo som irritante dos tacões dos seus sapatos. É reconfortante sentir-mo-nos compreendidos!

14 de dezembro de 2011

Capitão Falcão


Anda a circular na net o episódio piloto de uma série portuguesa que promete animar o país e gerar algum incómodo às mentes mais tacanhas. A trama gira em torno de um super-herói do estado novo, Capitão Falcão e do seu “partner” Puto Perdiz, no glorioso combate aos comunistas.
Capitão Falcão é mais ou menos uma coisa entre o “Major Alvega” e o “Batman e Robin” da série televisiva dos anos 60, supostamente inspirado numa banda desenhada dessa época, bastante colorido e com efeitos especiais suficientemente básicos e exagerados para lhe conferirem ainda mais piada.  
O Super-herói que come comunas ao pequeno-almoço, desloca-se sempre com seu inseparável companheiro que enverga um uniforme da mocidade portuguesa, numa potente mota com sidecar, ao jeito de “Falcãomobil”. A história cujo protagonista é tudo menos politicamente correcto, está a ser rodada contando já com pelo menos 8 episódios escritos. Não se sabe ainda qual o canal que a transmitirá por ser uma produção independente e decorrerem ainda as negociações.
Espera-se que a irreverência do super-herói fascista se torne numa excelente aposta para nos libertar de alguns fantasmas do passado, e que as mentes se abram para se poder finalmente brincar com alguns mitos e tabus já obsoletos.
Aguardemos então pelo celebrar da máxima “Deus, Pátria e Família” apregoada por Salazar, (desta vez) personagem humorística.  


12 de dezembro de 2011

Carta ao Pai Natal


Esta é a primeira vez que te escrevo, embora já tenha aprendido há 25 anos. Como já não falta muito para pegares no trenó, alinhares as renas e saíres a abrir pelo céu fora que nem um “ganda maluco”, vestido com o teu fato vermelho e saco “mágico” carregado de prendas, achei que poderia remeter-te esta cartinha.
Este ano, penso que tal como em quase todos os outros, não fui nem deixei de ser um bom menino, fiz o que pude e o que me deixaram. Acima de tudo tentei ser o melhor que consegui, o melhor filho, o melhor marido e o melhor pai. Certamente que nem sempre fui bem-sucedido mas não foi por não tentar ao máximo. Espero não ter deixado nenhum pedido de desculpa  perder-se pelo caminho, porque se há coisa que acho ser verdadeiramente errada é não reconhecer as minhas falhas.
Não te escrevo, Pai Natal, a pedir uma prenda ou a argumentar que a mereço, só porque comi o peixinho todo ou fiz os trabalhos de casa, incluindo aspirar e limpar o pó. Escrevo porque gostava que se alguém ler a carta, incluindo tu, esse alguém se lembre que nesta época são mais importantes os presentes que os olhos não vêem. Naturalmente que os outros também contam, mas contam menos. Não é só mais um cliché que utilizei só porque é bonito, é realmente algo em que acredito, algo que nos pode ajudar a atribuir menos importância aos momentos difíceis e ajudar a melhorarmo-nos enquanto pessoas e a tornar-nos mais alegres. O espírito de Natal ainda não deve ter sumido completamente!
Portanto Pai Natal, se não me quiseres trazer nada, não tragas. Dá-me só o prazer de ver a minha família feliz, a minha filha com os olhos a brilhar a abrir os presentes mesmo que ainda não perceba muito bem o que se está ali a passar, e a quem ler isto dá-lhe muita paz porque a paz é meio caminho andado para a felicidade.
Boa viagem Pai Natal e não fiques entalado em nenhuma chaminé.

9 de dezembro de 2011

Galardão Fulano...Cintilante


Este é o galardão que premeia sicranos que ao longo deste ano deram provas de terem qualquer coisa de cintilante. A criação desta láurea tem como principal objectivo, destacar a excelência de algumas mentes que produzem ideias de notável tremeluzência, aparentando na generalidade dos casos algum mau contacto ou curto-circuito intelectual.
Os nomeados são:
- Otelo Saraiva de Carvalho, com uma carreira militar notável e interveniente activo no 25 de Abril, o nomeado é o único que cumpriu pena de prisão por terrorismo, fruto da sua participação nas FP-25. Este ano, puxando dos seus galões, Otelo apelou a uma revolução, dando mostras de ter sofrido um lapso de pensamento, quando decidiu abrir a boca para proferir esta declaração. Vê-se assim nomeado para uma categoria que encaixa perfeitamente neste tipo de ideias, ou falta delas.
- Pedro Guedes, filho do presumível estripador de Lisboa, que ao concorrer à “Casa dos Segredos” se propôs a revelar as atrocidades praticadas pelo seu pai. A sua atitude surreal, é de certa forma fascinante do ponto-de-vista do absurdo e simultaneamente aterradora por demonstrar haver alguém tão ávido de fama, que se propõe a revelar segredos deste teor sem olhar a consequências. Caso não passe de um embuste, não deixa de ser igualmente assustador. O dito rapaz tentado reparar o seu anterior acto, referiu que elaborou um diário, onde são referidas as práticas relacionadas com a série de assassinatos, juntamente com o pai enquanto assistia ao jogo Portugal – Bósnia. Este nomeado revela sofrer não apenas de algumas intermitências no juizinho mas de fortes apagão naquela cabecinha!
- Cátia da “Casa dos segredos”, esta pessoa ou personagem que passou de dançarina de cabaré Luxemburguês a participante do programa de televisão da TVI é uma reputada nomeada dentro da categoria, pela qualidade das pérolas com que nos brinda. A candidata não se poupa a esforços para a conquista do galardão e marca pontos como se não houvesse amanhã. A cada deslocar de mandíbula é um emanar de preciosidades que deixa estupefacto o ser mais céptico. 


Finda a lista de nomeações, serão divulgados os vencedores a 29 de Dezembro.

8 de dezembro de 2011

Galardão Fulano... que é um atleta quase Olímpico


Este galardão premeia os atletas cujo comportamento foi notável, destacando-se pelas suas capacidades invejáveis no contexto desportivo. Nem sempre o desporto que praticaram foi muito, digamos… convencional, no entanto merecem todo o respeito pela forma como puseram em prática os seus atributos.
Os nomeados são:
- Roberto Jimenez pelos infindáveis quilómetros que percorreu a ir buscar ao fundo da gaiola, um sem número de aves, desde perus, a galinholas e algumas avestruzes. É sem dúvida o grande exemplo de um maratonista, pese embora não conseguir meter as mãos às bolas, salvo-seja. Viu o valor do seu passe ser inflacionado em cem mil euros contra todas as expectativas, eventualmente até as suas.
- André Villas-Boas, velocista que num curto espaço de tempo percorreu a distância de Coimbra ao Porto e do Porto a Londres. Venceu também a grande velocidade numa única época quase tudo o que havia para ganhar, confirmando-se como um sprinter de alto gabarito, pago a peso de ouro por um investidor Russo, que ameaça também aplicar-lhe, a grande velocidade, um valente chuto no cú caso não encontre a pista das vitórias brevemente.
- Yannick Djaló, pelo seu desempenho numa modalidade quase desconhecida, o Trekking (enduro a pé), actividade que pratica há algumas épocas mas que neste ano atingiu o seu auge. Graças a uma transferência gorada para o Nice, por ser inscrito fora do prazo previsto, iniciou uma enorme travessia do deserto que se arrasta desde Setembro e só terminará em Janeiro. Com tanta areia palmilhada, quiçá não será recompensado dentro em breve com um magnífico contrato para envergar a camisola do Sacavenense.  

7 de dezembro de 2011

Galardão Fulano... que canta umas cantigas


Este galardão pretende reconhecer as personalidades ou "conjuntos" do panorama musical, que ao longo do ano levaram bem alto, ou interpretaram bem alto, os seus temas. É sobretudo um prémio que tem o intuito de motivar os nomeados a consolidar as suas promissoras carreiras.
Os nomeados são:
- Homens da luta por demonstrarem que não é preciso saber cantar para ganhar um festival da canção. Ah! Afinal … já se sabia dos outros anos. Não foram os vencedores do Eurofestival por falta de sentido de humor das restantes nações, não deixando porém de conquistar no terreno, com cantigas de rua, a população local. Eu próprio votei neles ainda na fase de apuramento através do site da RTP e dei por muito bem empregue aquele clique no rato. Mereciam ir mais longe, pode ser que para a próxima lá estejam outra vez a “fazer a luta”.
- Os Golpes, banda nacional que cimentou a sua posição na música portuguesa com o single “Vá lá Senhora” do seu segundo álbum "G", interpretada pelo convidado Rui Pregal da Cunha, ex-Heróis do Mar. Esta música é uma cantiga Pop/Rock a atirar para o baile que se mete nos ouvidos e não larga os tímpanos. Com este álbum a banda afirma-se como uma das mais firmes promessas de futuro, certamente com muito boa música para nos agradar. O quê, acabaram? Caramba, já me lixaram a cena das nomeações!
- Vitor Gaspar, ministro das finanças, por não ter parado de nos encher os ouvidos desde que tomou posse. Interpretando essencialmente música deprimente, Vitor Gaspar é conhecido por cantar bem mas não alegrar. Incontestavelmente um fortíssimo candidato ao galardão, apresentou-se desde logo como um valor praticamente seguro da cantoria nacional, tivera nascido há mais de um século atrás e arriscar-se-ia a ser um dos violinistas do Titanic a dar música aos passageiros enquanto o barco ia ao fundo.

6 de dezembro de 2011

Galardão Fulano ... que é o maior da aldeia


O “Galardão Fulano… que é o maior da aldeia” tem como principal objectivo honrar os indivíduos que têm a mania que são os maiores. No mundinho deles são mais espertos que os demais e só fazem conta com a própria inteligência. Graças a pessoas como estas que conseguem fazer do mundo um sítio pior, somos muitas vezes tidos como um país de “Chicos-espertos”.
Os nomeados são:
- José Sócrates, pelo fenomenal trabalho que realizou ao longo de mandato e meio culminando com uma enorme oferta a cada um dos habitantes do país, uma enorme cruz. No mundinho do eventualmente Engenheiro José Sócrates éramos um país quase mais próspero que a Finlândia. No entanto, tivemos de pagar juros da dívida a 11% quando o limite para o pedido de ajuda seria 7%, de acordo com os entendidos na matéria. Transparecia ser um incompreendido mas afinal a malta topou-o e pô-lo a mexer.
- João Vale e Azevedo, que ao longo deste ano confirmou o seu lugar no quadro de honra, dos maiores mestres na área da trapaça. Este conceituado malabarista da lei, que tem vindo a firmar créditos ano após ano no campo da intrujice, marcou presença assiduamente nos tribunais de Londres ao longo do ano no processo da sua extradição para Portugal, a fim de ser julgado em mais um caso de fraude. Em nenhuma das sessões foi decidido devolvê-lo à precedência, o que demonstra o encaminhar para a uniformidade da celeridade da justiça europeia.
- Alberto João Jardim por não parar de nos brindar com comportamentos de um verdadeiro Super-Herói, umas vezes vestido, outras em cuecas, mas sempre como se fosse o supra-sumo não da aldeia mas da ilha. A sua postura governativa ignorando as regras do país são reveladores da grandeza deste homem. Quando o país vive sufocado pelos sacrifícios resultantes das políticas de austeridade, consequência também dos seus devaneios, Jardim concede tolerância de ponto aos “seus” funcionários públicos para assistir à sua tomada de posse. Haverá alguma dúvida poderio deste nomeado?

5 de dezembro de 2011

Galardões Fulano


Como o final do ano está a chegar decidi criar aqui no blog uma forma de reconhecimento a personalidades que durante este ano se evidenciaram em diversas áreas da sociedade. Para dar alguma pompa ao reconhecimento decidi criar os “Galardões Fulano”, em forma de homenagem as essas excepcionais individualidades. O dito galardão não contempla uma retribuição monetária pois não tenho sequer dinheiro para mandar cantar um cego, quanto mais para o gastar nestas palermices. Os laureados terão apenas direito à referência ao seu nome aqui neste “mediático” espaço. E já vão com sorte!
Nos próximos dias publicarei diariamente três nomeados para cada uma das quatro categorias, sendo a quinta um galardão de honra cujo vencedor é justificado pelo mérito resultante do seu percurso de vida. No final do ano será divulgada a decisão dos vencedores, tomada com base em critérios rigorosíssimos e imparciais por um júri conceituado cá em casa, constituído essencialmente por mim próprio.
As categorias que decidi criar são as seguintes:
- Galardão Fulano … que é o maior da aldeia
- Galardão Fulano … que canta umas cantigas
- Galardão Fulano … que é um atleta quase olímpico
- Galardão Fulano … que cintila
- Galardão Fulano … que tem um trajecto impressionante

1 de dezembro de 2011

Estripador de Lisboa

Após quase vinte anos foi finalmente preso o estripador de Lisboa. Este indivíduo assassinou entre 1992 e 1993, três prostitutas de uma forma bárbara, praticando simultaneamente actos do mais cruel e maléfico que a mente humana pode arquitectar. Contrariamente ao especulado na altura, o homem não era médico mas trabalhador da construção civil. Segundo o próprio, a sua pratica teve a ver com uma frustração e revolta pela sua mãe ser também prostituta.
Consultei o site do Jornal Sol onde estão publicadas as gravações conseguidas pela jornalista Felícia Cabrita, que conversou várias horas com o dito indivíduo antes dele ser preso, e é no mínimo impressionante assistir à forma como ele assume os crimes e descreve alguns dos pormenores ocorridos, com uma naturalidade desconcertante. 
A ocorrência desta série de crimes faz-me crer ainda com mais convicção que já é hora da nossa sociedade deixar de ser tão hipócrita e assumir de uma vez por todas a necessidade de legalizar completamente a prostituição. Por mais conservadores que sejamos, acreditar que a prostituição desaparece só porque a mantemos ilegal é absurdo. Por mais acções e medidas que se implementem é impossível extinguir tal actividade, portanto parece-me mais sensato e acertado até para protecção das pessoas envolvidas, criar regras e espaços onde seja desenvolvida.
Mais, sendo uma actividade com tanto dinheiro envolvido, é desigual para as restantes profissões legais, que não esteja sujeita a impostos nem gere riqueza efectiva para o estado, quiçá com a diminuição de proveitos para os envolvidos, deixará de ser tão aliciante.

29 de novembro de 2011

Eunice Muñoz


Andre Kosters/Lusa

Se a memória não me atraiçoa, a primeira vez que vi a Senhora Eunice Muñoz representar foi numa das transmissões que a RTP fazia de peças de teatro à sexta-feira à noite, tinha eu 6 ou 7 anos. A peça em questão intitulava-se “Mãe Coragem e seus filhos” de Bertolt Brecht e a Senhora Eunice era naturalmente a protagonista Anna Fierling, a Mãe Coragem.  
Naquela altura, pela idade que tinha, penso não ter percebido grande parte do que se passava ali naquela história, onde uma senhora de cabelo grisalho com uma touca na cabeça e uma saia comprida, falava com grande carga dramática, transmitindo-me o sofrimento que a perda dos seus filhos lhe impunha, sendo impossível ficar-lhe indiferente.
No início do ano passado tive o privilégio de assistir ao vivo a uma peça interpretada pela Senhora Eunice Muñoz. A peça é um monólogo intitulado “O ano do pensamento mágico” de Joan Didon, que relata na primeira pessoa a história verídica do seu drama familiar, motivado pela perda do marido e da filha. Durante mais de uma hora a Senhora Eunice Muñoz interpretou aquele texto com uma carga emocional pesadíssima, de forma absolutamente arrebatadora. Outra coisa não seria de esperar pelo seu talento inquestionável apesar dos seus mais de oitenta anos.
Ontem o seu septuagésimo aniversário de carreira foi celebrado com uma condecoração por parte do Presidente da República. Foi-lhe atribuída a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique, ordem honorífica portuguesa que pretende distinguir as figuras da cultura que levaram bem alto o nome de Portugal. Sinto-me extremamente satisfeito por ser reconhecida a importância de uma figura ímpar da cultura portuguesa como a Senhora Eunice Muñoz, principalmente ainda em vida.

28 de novembro de 2011

Património da Humanidade


No passado dia 11 de Julho escrevi aqui como me sentia orgulhoso por ver o fado ser proposto a património mundial da UNESCO, pois bem, ontem vimos finalmente confirmada essa decisão. Penso que o reconhecimento da importância cultural do fado é um grande motivo de satisfação para os portugueses, mesmo para aqueles que não simpatizam com o género musical.
Na realidade, a referida deliberação pouco mais serve que para espalhar a nossa cultura e alimentar o nosso ego, não se traduz para a maioria de nós numa mais-valia financeira, contudo é importante sentirmos que temos algo é verdadeiramente valorizado pelos outros (e por nós) e que graças também a essa canção do povo somos reconhecidos em todo o mundo.
Cabe-nos a nós estimá-lo e levá-lo ainda mais longe, fazer dessa canção da “World Music” um símbolo maior do nosso país, para que brevemente vejamos um dos nossos receber um Grammy.
Deixo aqui dois dos meus fados preferidos, mesmo que a televisão nos tenha bombardeado nos últimos dias com tanto fado, estes valem sempre a pena ser recordados.
 João Villaret - "Fado Falado"

Amália Rodrigues - "Barco Negro"

27 de novembro de 2011

Banco alimentar

Hoje ao chegar a um hipermercado aqui perto de casa deparei-me com três rapazes com catorze ou quinze anitos distribuir sacos para a recolha de alimentos para o banco alimentar. Deram-me o saco que eu agarrei um bocado por instinto, sem sequer me aperceber que tinha o logótipo da dita instituição.
Normalmente não tenho o hábito de oferecer donativos quando encontro pessoas a pedir na rua ou quando cá vêm bater à porta de casa, por desconfiar bastante desses peditórios e por nesta altura aparecerem mais rapidamente que os cogumelos. Se fosse a dar sempre que me é solicitado tinha eu próprio de organizar um peditório para pagar as contas cá de casa.
No caso do banco alimentar a coisa é um bocado diferente, tenho a instituição como credível e acho que têm um papel muito importante, ainda para mais nas circunstâncias actuais.
O que eu dei para a causa não foi muito, foi dado de boa vontade e espero que seja útil a alguém que esteja necessitado e não a um bêbado preguiçoso, pois infelizmente são eles que levam a que os verdadeiramente necessitados recebam menos do que poderiam receber.
Quanto àquela rapaziada ainda adolescente à entrada de saco na mão, gostei de os ver por lá, sabendo que provavelmente abdicaram voluntariamente de uma tarde de Domingo a jogar jogos de vídeo para fazer uma boa acção.
Os meus pais sempre me ensinaram que devemos ajudar quem precisa pois pode haver uma altura em que seremos nós a precisar de uma mão amiga. Acho que este ensinamento é muito valioso e espero conseguir transmiti-lo também à minha filha. 

25 de novembro de 2011

A Jaula


http://www.record.xl.pt

Amanhã é dia de dérbi. Não, não estou a falar do jogo Nacional vs Marítimo. Estou mesmo a falar do Benfica vs Sporting, o dérbi dos dérbis. Como não podia deixar de ser, até porque é da praxe, lá vem mais uma polemicazinha. Quando não há casos, inventam-se.
Desta vez o motivo da confusão é “A Jaula”, sistema que o Benfica sujeitou à aprovação por parte da Liga e viu confirmada a autorização para a colocação no seu próprio estádio. Este sistema consiste numa rede colocada em torno dos adeptos da equipa visitante, com o intuito de prevenir a passagem de objectos arremessados quer de um lado quer de outro, prevenindo a ocorrência de danos pessoais. Este sistema já é utilizado noutros estádios de outros países, caso do Giuseppe Meazza, do Inter e Milan, no Allianz Arena do Bayern de Munique ou Camp Nou do Barcelona, não sendo uma ideia pioneira do Glorioso.
A direcção do Sporting ficou extremamente ofendida pela utilização desta caixa de protecção, recusando-se a participar nas actividades de confraternização habituais entre as duas equipas, que ocorrem antes do jogo, abdicando também os seus membros dos lugares da tribuna a que têm direito, preferindo ver o jogo ao lado das claques na bancada.
Hoje um dos jornais desportivos referia numa notícia que os ditos membros iriam ser sujeitos a revista à entrada no estádio. Sinceramente, não percebo porque é que isto é notícia, não é normal os espectadores da bancada serem revistados à entrada do estádio? Eu tenho o meu cadastro limpo e sempre que entrei num estádio fui revistado, deveria haver regimes de excepção para alguém? Parece-me que não.
A única vez que assisti a um Benfica vs Sporting no estádio, foi ainda no antigo estádio da Luz, a grandiosa Catedral! No final do jogo os adeptos do Benfica brindaram a claque sportinguista com uma torrencial chuva de cadeiras. Não sei quantos adeptos sportinguistas tiveram de receber assistência médica por via da absurda e condenável atitude, mas se à época houvesse uma protecção como a que agora vai ser implementada, os danos humanos seriam insignificantes ou mesmo inexistentes.

24 de novembro de 2011

Exame teórico

Hoje foi dia de fazer o exame teórico da carta de moto, levantei-me confiante mas também desconfiado. Confiante por ter feito garantidamente mais de 100 testes o que é sinónimo, na minha opinião, de poder estar de consciência tranquila e ter a noção de me sentir preparado. Desconfiado por nesses testes online e do CD fornecido pela escola, haver algumas respostas incorrectas por serem elaborados pelas editoras e não pelo IMTT, que não presta sequer qualquer esclarecimento a quem o solicite. Essa desconfiança estava também associada à possibilidade de poder cair numa qualquer armadilha ou má interpretação do português das questões, algumas delas apresentadas a meu ver, de forma desonesta.
Há pessoas que chumbam nos exames de código não por desconhecerem a matéria, mas por as questões lá colocadas serem dúbias ou susceptíveis de múltiplas interpretações em função da argumentação, à qual não se tem direito por ser um "teste de cruzinhas".
Quanto ao meu exame, correu bem e acabei por passar sem falhas. As questões sorteadas não eram ambíguas o que facilitou o desempenho.
Portanto, venho por este meio avisar que a partir de agora já posso começar a ter aulas práticas, quer então dizer, que vou poder andar à solta na estrada montado em duas rodas. Como a minha experiência nesses brinquedos é nula quero aconselhar a todos, que passem a andar com muito mais atenção no alcatrão, sob pena de me poderem encontrar de penico enfiado na cabeça e sem rodinhas de lado, o que é manifestamente arriscado para quem se atravessar no caminho. Depois não digam que eu não avisei!

21 de novembro de 2011

A19

Ontem acompanhado da minha bela família, esposa e filha, saí de casa para ir almoçar a casa dos meus pais em São Jorge. Ao chegar ao Alto Vieiro, descontraído à espera de um desvio que me encaminhasse para uma qualquer via alternativa por causa das obras na nova A19 e IC 2, nem sequer prestei qualquer atenção às placas de sinalização. Andei, andei e continuei a andar, senão quando dou por mim e "Ups, enganei-me! Querem ver que a auto-estrada já está aberta?!", e não é que estava mesmo!
A primeira reacção foi a, "Lá vou eu ter de pagar portagem". A seguir "Pelo menos experimentamos a nova auto-estrada e chegamos mais depressa". E paguei mesmo, aliás, hei-de pagar e contrariamente ao que estava à espera, não me chega a conta a casa, tenho de ser eu a ir aos CTT ou a uma Payshop largar o carcanhol. 
A primeira impressão em relação à nova via, é a de ser uma boa alternativa, que encurta um bocadito o tempo de viagem, mesmo sendo apenas um percurso de 14 km. Será especialmente útil em situações que se pretenda estar a tempo e horas contornando o empandeiramento do transito na nacional. Noutras situações quotidianas é pouco provável a sua utilização. Pagar 1,15€ por 14 km de autoestrada é no mínimo absurdo! Portanto ou muito me engano ou haverão muitas pessoas a circular na auto-estrada mas, por curiosidade, falta de sinalização e por não se aperceberem que existem uns pórticos pouco visíveis, que levará os menos atentos a confiar que o percurso é feito à borlix. 


19 de novembro de 2011

Tintin

"As aventuras de Tintin - O segredo do Licorne"
Um dos filmes que ultimamente mais interesse me despertou foi "As aventuras de Tintin - O segredo do Licorne". Em conversa com um amigo meu fiquei a saber que ele tinha ido ver o filme no dia anterior e que o filme lhe tinha agradado bastante. A minha curiosidade ficou ainda mais aguçada.
Esta semana reunidas as condições fui então ver o filme na versão original em 3D. A primeira surpresa ocorreu logo na bilheteira, 8€ por bilhete! Não admira que só estivessemos 12 pessoas na sala de cinema.
Para alguém que usa óculos ver filmes em 3D torna-se um bocado sofrido, pois temos de usar 4 lentes apoiadas no mesmo nariz, o que acaba por ser incómodo. Mas para tentar aproveitar ao máximo a experiência, fez-se o esforço. A versão original implica legendas, o que rouba a atenção a alguns dos pormenores que se vão passando na tela, portanto sem conhecer a versão portuguesa penso que é preferível optar por esta, até porque dos filmes de animação que vi dobrados na nossa língua, me causaram sempre muito boa impressão pela qualidade dos actores.
O filme em si está, na minha opinião, soberbo! A qualidade das imagens, os planos pouco óbvios e muito bem executados chegam a fazer parecer que se trata de um filme com "pessoas reais" com um fato de desenho animado. Os movimentos dos bonecos são muito naturais e fluidos, a história está muito bem retratada e é bastante dinâmica. As personagens são fiéis às da criação original, o Tintin bastante perspicaz, a Milú muito inteligente e o Haddock um grande bêbado.
O efeito 3D está bem executado e a sensação de sentir as imagens aproximarem-se de nós é frequente. Quem gostar de filmes animados, das aventuras do Tintin e tiver 8€ para gastar, deve ir ver o filme pois certamente não sairá de lá defraudado.

18 de novembro de 2011

Avó Cristina


A minha avó Cristina completaria hoje 93 anos se ainda estivesse fisicamente connosco, no entanto, a natureza segue o seu curso e apenas a sua memória se mantém bem viva.
A vida não foi meiga para a minha avó, restando-lhe lutar para suplantar as adversidades, enquanto fazia aquilo que melhor sabia, ser bondosa. Perdeu os pais cedo no espaço de dois meses, tomou conta do irmão paraplégico mais de cinquenta anos, viu partir um sobrinho que vivia em sua casa e tratava como se fosse seu filho, num acidente brutal que ceifou mais quatro colegas todos de São Jorge, abalando-a e vestindo-a de luto até aos seus últimos dias.
A avó que eu recordo constantemente, era o exemplo da generosidade, era afável, discreta, de uma enorme simplicidade e sempre com um sorriso simpático e genuíno. As suas acções eram sempre no sentido de praticar o bem e de fazer com que os outros se sentissem o melhor possível. Deixou-nos este valiosíssimo ensinamento como herança.
Adorava sentar-me ao lado dela e deitar a cabeça no seu colo, de sentir aquele aconchego e carinho. Ocasionalmente, dava-me uns trocos para uma guloseima, coisa que lhe deliciava tanto o coração como a mim o estômago.
Para a minha avó sempre fui o “menino” e não havia nada que ela não fizesse, dentro das suas possibilidades, para ver o “menino” feliz.
Hoje este “menino” pensou muito na avó Cristina e na forma como ela lhe passava a mão primeiro na cabeça e depois no queixo, quando a visitava no lar nos seus últimos dias, como que a confirmar se estava tudo bem, tentando transmitir simultaneamente a segurança que o seu instinto protector obrigava.

17 de novembro de 2011

Gente Bonita


A cada vez que ouço dizer “gente bonita” as minhas entranhas contorcem-se todinhas com a irritação que a expressão me provoca. Tudo o que é festa de “famosos” tem apenas e só… “gente bonita”, portanto parto do princípio que à entrada dos locais dos ditos eventos esteja afixado um aviso, ao lado do sinal de proibida a entrada a animais, a dizer “Não é permitida a entrada a trambolhos e camafeus”.
No entanto nem sempre o aviso é eficaz, em boa verdade e contrariamente ao que é divulgado existe por lá muita gentinha cuja aparência é bem pior que a de um camião estampado. Alguns até devem mesmo ter saído da recauchutagem há bem pouco tempo, sendo a sua beleza, verdadeiramente sua por serem os próprios pagá-la. Entre inchados e esticados o que interessa é haver snobismo em abundância, muita futilidade e falsidade, a aparentar um mundo que se diz cor-de-rosa.
Para além da censura a pessoas feias, as festas do “Jet 7” possuem outro conceito subvertido comparativamente com a lógica da sociedade. Alguns dos seus membros são pagos para marcar presença nesses locais, quando na realidade deveriam ser eles a pagar para serem aturados.
Com o passar do tempo e num mundo tão dinâmico, penso estar na hora do conceito “gente bonita” sofrer uma actualização bem mais enquadrada com a realidade a que é aplicada, proponho que se passem a chamar “gente postiça”.

16 de novembro de 2011

Avô Luís


O meu avô Luís, pai da minha mãe, celebraria hoje o seu 95º aniversário. Era dois anos e dois dias mais velho que a minha avó Cristina, sua esposa.
O meu avô era um homem com um ar sereno, quase imperturbável, com uma voz suave e amistosa, cujas feições eram vagamente semelhantes às do Almirante Gago Coutinho, o que me fazia teimar em dizer que a imagem na nota 20$00 era a fotografia do avô. Quando eu era pequeno chamava-me ternamente “Russico” por eu ter o cabelo claro.
Como a grande maioria das pessoas da sua época, viveu grandes dificuldades para sustentar e criar os cinco filhos, fazendo das tripas coração para que não passassem fome. Teve uma vida dura, tendo chegado a trabalhar nas minas de carvão e mais tarde numa cerâmica a 5 km de sua casa, cujo trajecto fazia diariamente a pé. Saía de casa ainda de noite acompanhado pelo seu candeeiro a petróleo palmilhando as estradas e os caminhos que o voltavam a ver novamente à noite no regresso.
Sinto-me um afortunado por ter tido o privilégio de conviver diariamente com ele até aos meus 15 anos, altura em que ele partiu. Tenho tantas saudades de o ver sentado virado sobre o braço do sofá a jogar comigo às cartas, à bisca de 3, que ele próprio me ensinou a jogar, deixando-me ganhar quase sempre só para me ver feliz. Sinto também a falta do seu carinho, manifestado discretamente pela sua personalidade introvertida, e daqueles rebuçados de mentol ou do Dr. Bayard, que dados por si tinham sempre um sabor especial.
Admiro para além de tantas coisa a sua capacidade de sofrimento, os seus últimos três anos de vida passou-os acamado, após ter-lhe sido amputada uma perna, praticamente imóvel mas com as suas capacidades mentais intactas. Não me lembro de ouvir a sua voz calma protestar ou queixar-se das infelicidades ou doenças de que padecia. Era um resistente e era um Homem bom.

15 de novembro de 2011

6-2

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Surpreendentemente lá ganhámos aos Bósnios por 6-2. Digo surpreendentemente não pela vitória mas pelo resultado, pois penso que nem a mente mais imaginativa suporia tal resultado, não que a selecção Bósnia fosse extraordináriamente forte, que não é, embora toda a gente andasse para aí "Cuidado com eles!!", quase a tentar justificar uma possível derrota, mas por ser um resultado manifestamente exagerado, ao fim e ao cabo, também não são assim tão fracos. É uma selecção que tem três bons jogadores, Dzeko, Pjanic e Misimovic os outros são meros carregadores de piano. 
Quanto a Portugal tem na minha opinião, a selecção nacional mais fraca dos últimos 20 anos mesmo com Ronaldo, Nani e Coentrão, portanto é bom que mantenhamos os pézinhos bem assentes no chão e muita humildade. Não somos candidatos a nada, somos apenas mais uma selecção a participar na fase final do europeu e apenas com muito juizinho e trabalho poderemos aspirar a mais qualquer coisita. Até lá, que acabem as broncas e os casos, pois já vai sendo hora de cada um deixar de olhar exclusivamente para o seu umbigo, pondo os seus interesses à frente dos da selecção. 

14 de novembro de 2011

Não estou

Na passada sexta-feira com a pressa de chegar à aula teórica da carta de condução, estacionei o carro e saí em passada rápida, depois de conferir a manobra um bocado atabalhoada e se o bólide estava fechado. Desci a escadaria, continuei rua fora e quando chego à escola de condução, meto a mão ao bolso para ver as horas no telemóvel e ... nada! Um rápido exercício de memória, uma asneirola e fez-se luz, esqueci-me do raio do brinquedo no carro.
O mais provável era nem sequer receber uma única chamada naquela hora, mas o que é certo é que me senti um bocado "desorientado" como se me faltasse alguma coisa essencial.
O primeiro telemóvel que tive foi-me oferecido pelos meus pais no Natal de 1999. Até essa data era qualquer coisa que não me fazia a mínima falta, ainda para mais, falar ao telefone era uma coisa que não me agradava, aliás ainda é actualmente uma experiência um bocado desconfortável para mim. Mandar mensagens escritas era sempre pela medida mínima, pois se falar ao telefone já é impessoal, escrever a converseta ainda pior, já para não falar em deixar mensagens de vós, que era completamente mentira.
No entanto com os anos o tal "instrumento" foi-se afeiçoando a mim e eu a ele, a ponto de neste momento, graças aos pontos amealhados, já ser proprietário de um magnífico smartphone, essa sim uma aquisição extraordinária.
Ao mesmo tempo esta dependência assusta-me um bocado, pois parece que começamos a ficar reféns de brinquedos que há meia-dúzia de anos atrás não existiam ou não faziam parte das nossas necessidades diárias. Sou naturalmente a fazer do desenvolvimento tecnológico, das coisas boas e benefícios que trazem à nossa vida quotidiana, contudo a excessiva dependência desequilibra-nos e isso pode ser perigoso, pois qualquer dia seremos uma cambada de patetas agarrados a uma vida virtual.

12 de novembro de 2011

Magreb

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Hoje ao almoço a minha esposa fez cous-cous, já pré-temperado com a harrissa, molho tradicional norte-africano. Conforme a massa foi sendo cozida foi libertando aquele cheirinho delicioso dos temperos que me transportaram para aqueles mercados árabes onde paira sempre no ar aquela miscelânea de aromas. 
Subitamente senti uma certa saudade e vontade de voltar a estar naqueles ambientes, onde já estive por três ocasiões e de onde trouxe magníficas memórias, acentuadas pelo choque cultural que existe com a nossa realidade europeia. 
Em 1997 fui pela primeira vez a Marrocos e mesmo tendo sido assaltado na Medina de Casablanca, onde me roubaram o relógio, fiquei completamente fã do país. A medina é um "mundo comercial" dentro da cidade cheio das cores das especiarias alinhadas no mercado, de malas, cintos, carteiras e afins em peles coloridas, de bijuteria expostas naquelas bancas em ruelas estreitas e movimentas. O povo contrariamente ao que eu esperava, é muito amistoso e prestável, contudo não perdem uma oportunidade de nos sacar mais uns trocos naqueles negócios regateados, em que pensamos que compramos por uma autêntica pechincha, e na realidade pagámos o dobro ou o triplo do real valor.
É impossível não reparar em pequenos hábitos para nós tão peculiares, os cafés com os clientes todos virados para a estrada, a água vendida ao copo no meio da rua, tal como os cigarros à unidade, a anarquia nas estradas com os polícias em cima do traço contínuo, os comerciantes das lojas que nos tocam incessantemente para que entremos na loja deles que tem o produto especial, único e a bom preço, que só se encontra mesmo ali e... em todas as outras lojas ao lado. Para eles, como somos portugueses temos sempre direito a uma atençãozinha, somos o país do Figo, Eusébio e Cristiano Ronaldo e um país pobre como eles logo somos irmãos, tal como devem ser os espanhóis e os outros todos. 
Mais tarde, em 2003, fui à Tunísia e as diferenças eram poucas. Em 2009 voltei a Marrocos e já achei que o país tinha evoluído, até na mentalidade, se calhar também pela mudança de liderança, contudo a parte cultural inata está lá. Nem toda a gente gostará de se sujeitar aquela confusão onde estamos constantemente a ser importunados pelos vendedores. É preciso ir para lá mentalizado que se vai para uma realidade diferente, como diz o ditado "Em Roma sê romano".

11 de novembro de 2011

São Martinho


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Hoje é dia de São Martinho, soldado Romano que num dia de frio outonal rasgou a sua capa com a espada para a partilhar com um mendigo. Manda a tradição que nesta data a malta organize uma castanhada e apanhe uma carroça com água-pé.
Se sem a água-pé até passo bem, já as castanhas, às quais ainda nem a cor vi este ano, confesso que me fazem alguma falta. Nos dias como o de hoje a que me habituei ora a por uma castanha junto às brasas, ora a tirar um cubinho chamuscado às vezes autêntico carvão, acentuam-se as saudades de ter uma lareira. Felizmente que os meus pais e os meus sogros têm esse extraordinário equipamento de companhia e confraternização, em que muitas vezes o calor que fornece é quase um acessório, e assim de vez em quando dá para disfrutar daquele aconchego. Quando chove a companhia da lareira é ainda mais envolvente, pelo bailado tremeluzente da chama ao som do cair da chuva. O aquecimento central é uma invenção brilhante mas não consegue transmitir a serenidade e ambiente da tradicional lareira.

9 de novembro de 2011

Poemas


A poesia nunca foi um género literário que me despertasse particular interesse a ponto de comprar ou simplesmente pegar num livro e lê-lo do princípio ao fim. Não consigo explicar muito bem porquê, não o considero desinteressante ou menor, bem pelo contrário, é necessária alguma agilidade mental para alinhar as rimas de forma consentânea e se calhar outra tanta para perceber as entrelinhas.
Esta conversa surge por ter visto ontem publicado no twitter da revista bula, um título de uma publicação de um jornal brasileiro, Jornal Opção, "Os 10 melhores poemas de todos os tempos". Não estava com grande disponibilidade mental para ler algo que se supõe de grande profundidade, portanto limitei-me a ver os autores e agradou-me ver que constavam nesse “top ten” dois autores lusos, Fernando Pessoa com o poema “Tabacaria” e José Régio com “Cântico Negro”.

Infelizmente não consegui encontrar um vídeo das ditas interpretações feitas pelo provavelmente melhor declamador de poesia que Portugal conheceu, João Villaret, ainda assim vale a pena ouvir, mesmo sem imagem.

"Tabacaria" de Fernando Pessoa por João Villaret
"Cântico negro" de José Régio por João Villaret

8 de novembro de 2011

Todos diferentes, todos iguais


Tem vindo a ser recorrente nos palcos desportivos a manifestação de comportamento racistas quer pela assistência quer pelos intervenientes, e neste último fim-de-semana a situação repetiu-se segundo os jogadores do Braga, Alan e Djamal, que afirmam ter sido alvo de um insulto proferido por Javi Garcia, jogador do Benfica, que os terá chamado de “Preto de merda”. Este último jogador desmente o acto, e eu, nem acredito nem deixo de acreditar, em nenhum dos três. Em minha opinião, após o inquérito deveria haver lugar a castigos pesados, para quem insultou ou para quem levantou o falso testemunho, independentemente do emblema da camisola. Assunto encerrado.
Não sou racista, ponto final. Que fique bem claro. Tive algumas reticências em escrever este texto por sentir que poderia ser alvo de interpretações erradas, dada a delicadeza e a volatilidade do tema, sendo susceptível a deturpação das ideias explanadas. Por esse motivo considerei pertinente afirmar logo na primeira frase do parágrafo a minha posição.
Tenho amigos, colegas e conhecidos brancos, pretos, portugueses, estrangeiros, cristãos, judeus, muçulmanos e ateus e o principal critério que me faz gostar mais ou menos das pessoas com que me cruzo é o seu carácter.
Conheci uma vez um homem a quem chamavam “Chico Preto”, contrariamente ao que se possa pensar gostava de ser tratado dessa forma, aliás era assim que se apelidava quando falava de si próprio. Sinceramente, acho mais normal e adequado chamar preto, do que individuo de raça negra, homem de cor, africano. Todas estas variações me soam a uma certa hipocrisia ou induzem a algum constrangimento. Há africanos brancos e que eu saiba todos somos de cor, à excepção do homem invisível.
Um certo dia o actor Michael Richards, Cosmo Kramer na série Seinfeld, afirmou que tinha orgulho em ser branco e foi de imediato acusado de comportamento racista. Em sua defesa questionou, “Se fosse preto e dissesse sentir o mesmo orgulho pela minha cor de pele, as acusações de racismo seriam mantidas?”. Deixo à consideração de cada um a resposta à pergunta.
O meu intuito com estas linhas não foi branquear ou menosprezar o racismo, acho que de facto é um fenómeno grave, infelizmente presente no dia-a-dia e injusto, no entanto por vezes extrema-se tanto a situação que deixamos de agir com naturalidade com aqueles que são diferentes de nós, temos um comportamento desajustado quase de inferiorização para não nos sujeitarmos a parecermos xenófobos.

7 de novembro de 2011

El Mago

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Um certo dia estava eu no aeroporto de Lisboa à espera que chegasse um familiar que tardava em chegar,  sem nada de útil para fazer e rodeado de gente dos quatro cantos do mundo, lá me estava a entreter conjuntamente com a minha esposa, a observar todas aquelas pessoas das mais diversas origens e aparências em constante movimento.
A determinada altura ao olhar para um canto meio perdido vejo um indivíduo de t-shirt e calções, franzino, baixo, farta cabeleira e barba mal semeada, tentando passar despercebido. O rapaz estava acompanhado pela mulher e dois filhos pequenos de 2 ou 3 anitos com muita vontade de brincar, ao que o pai e mãe os tentavam entreter, mantendo-os perto de si junto a um quiosque fechado. A cena não me despertaria mais atenção do que outra qualquer normalíssima protagonizada por uma qualquer família que estivesse naquele aeroporto, se o dito sujeito não fosse o Magnífico Pablo Aimar!
A primeira frase que ecoou na minha cabeça foi, ".....sse, aquele é o Pablo Aimar!!!!!", repetindo-se incrédulamente mais uma ou duas vezes. Eu estava ao pé de um dos meus futebolistas preferidos de sempre, ainda para mais jogador do meu clube. Deu-me vontade de chegar lá e pregar-lhe um abraço musculado, pedir-lhe um autógrafo e lembrá-lo do jogador excepcional que é, como se ele não tivesse já farto de o saber. Contive-me, para parecer um bocado mais civilizado do que o meu instinto me obrigava e nem sequer lhe pedi o dito autógrafo, pois para além de não ter papel nem caneta, seria uma falta de respeito tirar-lhe a privacidade e discrição que ele se esforçava por manter. 
Lembrei-me desta história por ontem um jornal desportivo noticiar a possibilidade de Pablo Aimar renovar por mais um ano pelo Glorioso. Que bem que esta notícia me soube.
Para mim Pablo Aimar é dos melhores jogadores que alguma vez pisaram os nossos relvados, não fosse a sua condição física estar algo fragilizada por via das lesões que o perseguiram e hoje estaria num colosso europeu com mais recursos financeiros do que o colosso onde ele joga actualmente.
El  Mago, é daqueles jogadores que dá gosto ver jogar, é discreto como fora de campo, tem uns pés mágicos feitos de lã pela subtileza como pega na bola, a protege com o seu pequeno corpo ou a desvia dos adversários sempre sem exageros e a larga mortífera no momento certo, sempre no momento certo. Quando a bola lhe chega aos pés já se sabe de antemão que ela entrou noutra dimensão, entrou no domínio de um pequeno argentino que pensa com a mente de um nórdico e por isso é que ele é tão extraordinário, é um criativo sem excessos, o que lhe confere um equilíbrio futebolístico raro. Não há-de ter sido por acaso que Maradona o viu como seu sucessor. 
Espero que se confirme a sua renovação e que nos continue a deliciar com aquele futebol genial que parece ser jogado de fato e gravata. Grande Pablito!