Após quase vinte anos foi finalmente preso o estripador de Lisboa. Este indivíduo assassinou entre 1992 e 1993, três prostitutas de uma forma bárbara, praticando simultaneamente actos do mais cruel e maléfico que a mente humana pode arquitectar. Contrariamente ao especulado na altura, o homem não era médico mas trabalhador da construção civil. Segundo o próprio, a sua pratica teve a ver com uma frustração e revolta pela sua mãe ser também prostituta.
Consultei o site do Jornal Sol onde estão publicadas as gravações conseguidas pela jornalista Felícia Cabrita, que conversou várias horas com o dito indivíduo antes dele ser preso, e é no mínimo impressionante assistir à forma como ele assume os crimes e descreve alguns dos pormenores ocorridos, com uma naturalidade desconcertante.
A ocorrência desta série de crimes faz-me crer ainda com mais convicção que já é hora da nossa sociedade deixar de ser tão hipócrita e assumir de uma vez por todas a necessidade de legalizar completamente a prostituição. Por mais conservadores que sejamos, acreditar que a prostituição desaparece só porque a mantemos ilegal é absurdo. Por mais acções e medidas que se implementem é impossível extinguir tal actividade, portanto parece-me mais sensato e acertado até para protecção das pessoas envolvidas, criar regras e espaços onde seja desenvolvida.
Mais, sendo uma actividade com tanto dinheiro envolvido, é desigual para as restantes profissões legais, que não esteja sujeita a impostos nem gere riqueza efectiva para o estado, quiçá com a diminuição de proveitos para os envolvidos, deixará de ser tão aliciante.
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