Esta é a primeira vez
que te escrevo, embora já tenha aprendido há 25 anos. Como já não falta muito
para pegares no trenó, alinhares as renas e saíres a abrir pelo céu fora que
nem um “ganda maluco”, vestido com o teu fato vermelho e saco “mágico”
carregado de prendas, achei que poderia remeter-te esta cartinha.
Este ano, penso que
tal como em quase todos os outros, não fui nem deixei de ser um bom menino, fiz
o que pude e o que me deixaram. Acima de tudo tentei ser o melhor que consegui,
o melhor filho, o melhor marido e o melhor pai. Certamente que nem sempre fui bem-sucedido
mas não foi por não tentar ao máximo. Espero não ter deixado nenhum pedido de
desculpa perder-se pelo caminho, porque
se há coisa que acho ser verdadeiramente errada é não reconhecer as minhas
falhas.
Não te escrevo, Pai
Natal, a pedir uma prenda ou a argumentar que a mereço, só porque comi o
peixinho todo ou fiz os trabalhos de casa, incluindo aspirar e limpar o pó. Escrevo
porque gostava que se alguém ler a carta, incluindo tu, esse alguém se lembre
que nesta época são mais importantes os presentes que os olhos não vêem. Naturalmente
que os outros também contam, mas contam menos. Não é só mais um cliché que
utilizei só porque é bonito, é realmente algo em que acredito, algo que nos
pode ajudar a atribuir menos importância aos momentos difíceis e ajudar a
melhorarmo-nos enquanto pessoas e a tornar-nos mais alegres. O espírito de
Natal ainda não deve ter sumido completamente!
Portanto Pai Natal,
se não me quiseres trazer nada, não tragas. Dá-me só o prazer de ver a minha
família feliz, a minha filha com os olhos a brilhar a abrir os presentes mesmo
que ainda não perceba muito bem o que se está ali a passar, e a quem ler isto
dá-lhe muita paz porque a paz é meio caminho andado para a felicidade.
Boa viagem Pai Natal
e não fiques entalado em nenhuma chaminé.
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