8 de novembro de 2011

Todos diferentes, todos iguais


Tem vindo a ser recorrente nos palcos desportivos a manifestação de comportamento racistas quer pela assistência quer pelos intervenientes, e neste último fim-de-semana a situação repetiu-se segundo os jogadores do Braga, Alan e Djamal, que afirmam ter sido alvo de um insulto proferido por Javi Garcia, jogador do Benfica, que os terá chamado de “Preto de merda”. Este último jogador desmente o acto, e eu, nem acredito nem deixo de acreditar, em nenhum dos três. Em minha opinião, após o inquérito deveria haver lugar a castigos pesados, para quem insultou ou para quem levantou o falso testemunho, independentemente do emblema da camisola. Assunto encerrado.
Não sou racista, ponto final. Que fique bem claro. Tive algumas reticências em escrever este texto por sentir que poderia ser alvo de interpretações erradas, dada a delicadeza e a volatilidade do tema, sendo susceptível a deturpação das ideias explanadas. Por esse motivo considerei pertinente afirmar logo na primeira frase do parágrafo a minha posição.
Tenho amigos, colegas e conhecidos brancos, pretos, portugueses, estrangeiros, cristãos, judeus, muçulmanos e ateus e o principal critério que me faz gostar mais ou menos das pessoas com que me cruzo é o seu carácter.
Conheci uma vez um homem a quem chamavam “Chico Preto”, contrariamente ao que se possa pensar gostava de ser tratado dessa forma, aliás era assim que se apelidava quando falava de si próprio. Sinceramente, acho mais normal e adequado chamar preto, do que individuo de raça negra, homem de cor, africano. Todas estas variações me soam a uma certa hipocrisia ou induzem a algum constrangimento. Há africanos brancos e que eu saiba todos somos de cor, à excepção do homem invisível.
Um certo dia o actor Michael Richards, Cosmo Kramer na série Seinfeld, afirmou que tinha orgulho em ser branco e foi de imediato acusado de comportamento racista. Em sua defesa questionou, “Se fosse preto e dissesse sentir o mesmo orgulho pela minha cor de pele, as acusações de racismo seriam mantidas?”. Deixo à consideração de cada um a resposta à pergunta.
O meu intuito com estas linhas não foi branquear ou menosprezar o racismo, acho que de facto é um fenómeno grave, infelizmente presente no dia-a-dia e injusto, no entanto por vezes extrema-se tanto a situação que deixamos de agir com naturalidade com aqueles que são diferentes de nós, temos um comportamento desajustado quase de inferiorização para não nos sujeitarmos a parecermos xenófobos.

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