Tem vindo a ser
recorrente nos palcos desportivos a manifestação de comportamento racistas quer
pela assistência quer pelos intervenientes, e neste último fim-de-semana a
situação repetiu-se segundo os jogadores do Braga, Alan e Djamal, que afirmam
ter sido alvo de um insulto proferido por Javi Garcia, jogador do Benfica, que
os terá chamado de “Preto de merda”. Este último jogador desmente o acto, e eu,
nem acredito nem deixo de acreditar, em nenhum dos três. Em minha opinião, após
o inquérito deveria haver lugar a castigos pesados, para quem insultou ou para
quem levantou o falso testemunho, independentemente do emblema da camisola. Assunto
encerrado.
Não sou racista,
ponto final. Que fique bem claro. Tive algumas reticências em escrever este
texto por sentir que poderia ser alvo de interpretações erradas, dada a
delicadeza e a volatilidade do tema, sendo susceptível a deturpação das ideias
explanadas. Por esse motivo considerei pertinente afirmar logo na primeira
frase do parágrafo a minha posição.
Tenho amigos, colegas
e conhecidos brancos, pretos, portugueses, estrangeiros, cristãos, judeus,
muçulmanos e ateus e o principal critério que me faz gostar mais ou menos das
pessoas com que me cruzo é o seu carácter.
Conheci uma vez um homem
a quem chamavam “Chico Preto”, contrariamente ao que se possa pensar gostava de
ser tratado dessa forma, aliás era assim que se apelidava quando falava de si
próprio. Sinceramente, acho mais normal e adequado chamar preto, do que
individuo de raça negra, homem de cor, africano. Todas estas variações me soam
a uma certa hipocrisia ou induzem a algum constrangimento. Há africanos brancos
e que eu saiba todos somos de cor, à excepção do homem invisível.
Um
certo dia o actor Michael Richards, Cosmo Kramer na série Seinfeld, afirmou que
tinha orgulho em ser branco e foi de imediato acusado de comportamento racista.
Em sua defesa questionou, “Se fosse preto e dissesse sentir o mesmo orgulho
pela minha cor de pele, as acusações de racismo seriam mantidas?”. Deixo à
consideração de cada um a resposta à pergunta.
O meu intuito com estas
linhas não foi branquear ou menosprezar o racismo, acho que de facto é um
fenómeno grave, infelizmente presente no dia-a-dia e injusto, no entanto por
vezes extrema-se tanto a situação que deixamos de agir com naturalidade com
aqueles que são diferentes de nós, temos um comportamento desajustado quase de
inferiorização para não nos sujeitarmos a parecermos xenófobos.
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