Genericamente, sou contra a existência de referendos, pois parto do
princípio que em democracia os representantes eleitos têm a legitimidade para
tomar as decisões inerentes à sua profissão, visto nós os colocarmos lá com
esse propósito. Não deixei, no entanto, de exercer o meu direito ao voto das
vezes que me foi solicitado, pois em meu entender é um dever cívico que se
sobrepõe à minha opinião.
Ao ouvir nas notícias que os gregos pretendiam realizar um referendo
com o intuito de apurar se aceitavam ou não as medidas de austeridade impostas,
fiquei um bocado surpreendido. Se eles não têm dinheiro para mandar cantar um
cego, ainda se vão por a estoirar mais uns milhões com sondagens à população,
cuja decisão deve ser tomada por quem de direito?
De um momento para o outro já a Europa anda toda em sobressalto,
devido às especulações em redor do dito referendo. Não foi preciso muito até a pergunta
já ser outra, remetendo para a continuidade ou não dos helénicos no Euro. Enfim
uma trapalhada que parece não dar em nada, ou pelo menos em nada vantajoso.
Não conheço a Grécia, infelizmente, e a opinião que tenho dos Gregos
não abona muito a seu favor desde que nos tiraram a vitória do Euro 2004. Há
umas semanas atrás recebi um mail daqueles que alertam para as alarvidades
praticadas pelos governantes, cujo objecto era precisamente este país. No dito
mail relatavam, por exemplo, que na Grécia existia um lago que secou em 1930,
no entanto o estado mantém um instituto em sua protecção. Mais, as filhas
solteiras de funcionário públicos têm direito a uma pensão vitalícia de 1000€
mensais, após a morte do progenitor funcionário público, cujo registo inclui 40
mil mulheres. Há 600 profissões em que os trabalhadores podem requerer a
reforma aos 50 anos, caso das mulheres e 55 anos, caso dos homens, nessas
profissões de enorme desgaste estão apresentadores de TV e músicos.
A ser verdade, confesso fazer-me alguma confusão assistir ao perdão
de parte da dívida ao país, mesmo que o problema seja mais profundo, mesmo que
estejam a ser sufocados por quem lhe está a dar com uma mão e a tirar com a
outra.
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