14 de novembro de 2011

Não estou

Na passada sexta-feira com a pressa de chegar à aula teórica da carta de condução, estacionei o carro e saí em passada rápida, depois de conferir a manobra um bocado atabalhoada e se o bólide estava fechado. Desci a escadaria, continuei rua fora e quando chego à escola de condução, meto a mão ao bolso para ver as horas no telemóvel e ... nada! Um rápido exercício de memória, uma asneirola e fez-se luz, esqueci-me do raio do brinquedo no carro.
O mais provável era nem sequer receber uma única chamada naquela hora, mas o que é certo é que me senti um bocado "desorientado" como se me faltasse alguma coisa essencial.
O primeiro telemóvel que tive foi-me oferecido pelos meus pais no Natal de 1999. Até essa data era qualquer coisa que não me fazia a mínima falta, ainda para mais, falar ao telefone era uma coisa que não me agradava, aliás ainda é actualmente uma experiência um bocado desconfortável para mim. Mandar mensagens escritas era sempre pela medida mínima, pois se falar ao telefone já é impessoal, escrever a converseta ainda pior, já para não falar em deixar mensagens de vós, que era completamente mentira.
No entanto com os anos o tal "instrumento" foi-se afeiçoando a mim e eu a ele, a ponto de neste momento, graças aos pontos amealhados, já ser proprietário de um magnífico smartphone, essa sim uma aquisição extraordinária.
Ao mesmo tempo esta dependência assusta-me um bocado, pois parece que começamos a ficar reféns de brinquedos que há meia-dúzia de anos atrás não existiam ou não faziam parte das nossas necessidades diárias. Sou naturalmente a fazer do desenvolvimento tecnológico, das coisas boas e benefícios que trazem à nossa vida quotidiana, contudo a excessiva dependência desequilibra-nos e isso pode ser perigoso, pois qualquer dia seremos uma cambada de patetas agarrados a uma vida virtual.

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