7 de novembro de 2011

El Mago

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Um certo dia estava eu no aeroporto de Lisboa à espera que chegasse um familiar que tardava em chegar,  sem nada de útil para fazer e rodeado de gente dos quatro cantos do mundo, lá me estava a entreter conjuntamente com a minha esposa, a observar todas aquelas pessoas das mais diversas origens e aparências em constante movimento.
A determinada altura ao olhar para um canto meio perdido vejo um indivíduo de t-shirt e calções, franzino, baixo, farta cabeleira e barba mal semeada, tentando passar despercebido. O rapaz estava acompanhado pela mulher e dois filhos pequenos de 2 ou 3 anitos com muita vontade de brincar, ao que o pai e mãe os tentavam entreter, mantendo-os perto de si junto a um quiosque fechado. A cena não me despertaria mais atenção do que outra qualquer normalíssima protagonizada por uma qualquer família que estivesse naquele aeroporto, se o dito sujeito não fosse o Magnífico Pablo Aimar!
A primeira frase que ecoou na minha cabeça foi, ".....sse, aquele é o Pablo Aimar!!!!!", repetindo-se incrédulamente mais uma ou duas vezes. Eu estava ao pé de um dos meus futebolistas preferidos de sempre, ainda para mais jogador do meu clube. Deu-me vontade de chegar lá e pregar-lhe um abraço musculado, pedir-lhe um autógrafo e lembrá-lo do jogador excepcional que é, como se ele não tivesse já farto de o saber. Contive-me, para parecer um bocado mais civilizado do que o meu instinto me obrigava e nem sequer lhe pedi o dito autógrafo, pois para além de não ter papel nem caneta, seria uma falta de respeito tirar-lhe a privacidade e discrição que ele se esforçava por manter. 
Lembrei-me desta história por ontem um jornal desportivo noticiar a possibilidade de Pablo Aimar renovar por mais um ano pelo Glorioso. Que bem que esta notícia me soube.
Para mim Pablo Aimar é dos melhores jogadores que alguma vez pisaram os nossos relvados, não fosse a sua condição física estar algo fragilizada por via das lesões que o perseguiram e hoje estaria num colosso europeu com mais recursos financeiros do que o colosso onde ele joga actualmente.
El  Mago, é daqueles jogadores que dá gosto ver jogar, é discreto como fora de campo, tem uns pés mágicos feitos de lã pela subtileza como pega na bola, a protege com o seu pequeno corpo ou a desvia dos adversários sempre sem exageros e a larga mortífera no momento certo, sempre no momento certo. Quando a bola lhe chega aos pés já se sabe de antemão que ela entrou noutra dimensão, entrou no domínio de um pequeno argentino que pensa com a mente de um nórdico e por isso é que ele é tão extraordinário, é um criativo sem excessos, o que lhe confere um equilíbrio futebolístico raro. Não há-de ter sido por acaso que Maradona o viu como seu sucessor. 
Espero que se confirme a sua renovação e que nos continue a deliciar com aquele futebol genial que parece ser jogado de fato e gravata. Grande Pablito!

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