5 de outubro de 2011

Le Diable Rouge

Recebi um e-mail, que provavelmente já mais gente recebeu, daqueles que relatam situações humorísticas ou que nos fazem pensar um bocadinho. Como me pareceu que o texto tem algumas semelhanças com o praticado na época que atravessamos decidi partilhá-lo aqui.
Segundo vinha escrito na nota introdutória ao e-mail, o pequeno texto faz parte de um diálogo entre Colbert e Mazarino ocorrido durante o reinado de Luís XIV, extraído da peça de teatro “Le Diable Rouge” de Antoine Rault.

“Colbert: Para encontrar dinheiro, há um momento em que enganar o contribuinte já não é possível. Eu gostaria, Senhor Superintendente, que me explicasse como é que é possível continuar a gastar quando já se está endividado até ao pescoço...
Mazarino: Se se é um simples mortal, claro está, quando se está coberto de dívidas, vai-se parar à prisão. Mas o Estado... o Estado, esse, é diferente!!! Não se pode mandar o Estado para a prisão. Então, ele continua a endividar-se... Todos os Estados o fazem!
Colbert: Ah sim? O Senhor acha isso mesmo? Contudo, precisamos de dinheiro. E como é que havemos de o obter se já criámos todos os impostos imagináveis?
Mazarino: Criam-se outros.
Colbert: Mas já não podemos lançar mais impostos sobre os pobres.
Mazarino: Sim, é impossível.
Colbert: E então os ricos?
Mazarino: Os ricos também não. Eles não gastariam mais. Um rico que gasta faz viver centenas de pobres.
Colbert: Então como havemos de fazer?
Mazarino: Colbert! Tu pensas como um queijo, como um penico de um doente! Há uma quantidade enorme de gente entre os ricos e os pobres: os que trabalham sonhando em vir a enriquecer e temendo ficarem pobres. É a esses que devemos lançar mais impostos, cada vez mais, sempre mais! Esses, quanto mais lhes tirarmos mais eles trabalharão para compensarem o que lhes tirámos. É um reservatório inesgotável."

Parece que a governação ainda assenta nos mesmos princípios.

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