14 de outubro de 2011

Especial entrevista

Escrever aqui habitualmente não é sempre uma tarefa fácil, hoje é ainda mais difícil por escrever sobre alguém que é escritor, não é apenas mais um mas o meu preferido e provavelmente o maior de todos ainda vivo, dito por quem percebe do assunto. Acabei mesmo agora de ver e rever a especial entrevista cujo convidado era, nem mais nem menos do que, António Lobo Antunes, motivo esse que me leva a destacá-lo. 
Desde que me comecei a familiarizar com a escrita de António Lobo Antunes que desenvolvi uma enorme admiração por si, admiração essa que foi ainda mais acentuada pelo contacto, através das suas entrevistas, com a sua personalidade. Pessoas como ele fazem-me sentir minúsculo, quase que insignificante no meu pensamento. Hoje a sua entrevista, aliás os relatos do seu pensamento, foram arrebatadores. 
Se pudesse passar uma tarde a conversar com alguém, António Lobo Antunes seria sem qualquer dúvida o mais forte candidato à minha escolha, coisa que para ele deveria ser aborrecidíssima. Para um comum mortal como eu, qualquer conversa tornar-se-ia completamente desinteressante para si, visto eu não ter nada para lhe ensinar.  
António Lobo Antunes é alguém com uma capacidade superior, que é dono de uma enorme sensibilidade conjugada com uma proporcional lucidez. Colou-me à televisão a forma sensata como por detrás do seu rosto enrugado de ar carregado, analisou a realidade social, sempre sem descurar o mais íntimo da sua sensibilidade. É hipnotizante assistir ao brotar de ideias e metáforas com um rasgo de bom-humor, quase sempre impassível.
Cativa-me a abordagem que faz ao seu percurso contraditoriamente duvidoso e esclarecido, pelas questões que se põe mas que ao mesmo tempo a sua vasta cultura e inteligência contrapõe habilmente.   
Várias vezes me questionei se as pessoas com um pensamento genial conviveriam melhor consigo próprias por serem mais inteligente e isso levar a que respondessem melhor às suas dúvidas existenciais, ou se pelo contrário isso implicaria que nunca estivessem completamente saciados de conhecimento, acentuando os seus problemas. Não querendo ser pretensioso, acho que António Lobo Antunes é um bom exemplo desse paradigma.  


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