6 de fevereiro de 2012

Maritime Nocturno


Maritime Nocturno

“Escrever sobre arte é como dançar sobre arquitectura”, esta é uma opinião da qual eu não discordo mas também não concordo em absoluto, senão nem faria sentido publicar esta crónica. A minha concordância com a ideia vai no sentido de achar que não é necessariamente imperativo perceber de arte para se gostar ou não e ter a legitimidade para manifestar opinião.
Foi esta semana leiloado um quadro cujo título é “Maritime nocturno” pintado em 1913 por um jovem austríaco de 23 anos cuja veia artística lhe desconhecia. Esse indivíduo não seguiu, infelizmente, essa profissão ou pelo menos não exclusivamente, como o mundo desejaria. O autor da obra, agora vendida por 32 000€, dispensa apresentações por ser nem mais nem menos que Adolf Hitler.
Não sendo um dos meus quadros preferidos, até acabo por considerar uma obra do meu agrado. Apenas vi a referida pintura após saber o seu autor e no entanto, até para mim próprio intimamente, foi algo difícil conseguir apreciá-la dissociando-a do autor. Ao olhar para a pintura, como que pairava no ar aquele fantasma da mão do tirano. A certa altura parei um pouco para pensar e concluir que há também muitos outros artistas, como é o caso de músicos, com quem não simpatizo minimamente (sendo obviamente incomparável o grau de antipatia) e no entanto gosto da sua música.
Li alguns comentários em relação ao quadro, a maioria deles dizendo que deveria ser destruído, pois bem, eu discordo completamente, pois a obra de arte deve ser apreciada por si, independentemente do autor.

1 comentário:

  1. Ah se destruíssemos todos os quadros ou obras de pessoas que fizeram mal... quantas sobrariam? Arte por arte, 132 milhões de dólares por "O Grito", que eu não dependuraria na minha sala, é um exagero. E o que dizer de Beigeschwarz, de Peter Brüning? É... pena que não ficou na pintura!...

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