Graças ao
astigmatismo e miopia comecei a usar óculos a tempo inteiro há cerca de cinco
anos. A graduação das lentes até nem é extraordinariamente alta, no entanto, se
não os tiver parece que o mundo se desfoca a mais de dois metros do meu nariz.
Quem usa óculos sabe
que por vezes é bastante incómodo andar com um adereço apoiado na cana-do-nariz
e que há uma série de pequenas limitações que lhe são inerentes. Quando está
calor, transpira-se e eles escorregam, quando está humidade ficam embaciados.
Passam o tempo a sujar-se e a precisarem de ser limpos e é lixado manter as
lentes imaculadas. A pequenita tem um fascínio por marcar as suas impressões
digitais neles o que dificulta manobrá-la quando está ao colo, na tentativa de
desviar os seus golpes de punhos. Para alguém distraído é frequente coçar uma
qualquer comichão na vista sem os tirar, ou então pôr e tirar o capacete também
sem os tirar. Portanto, é uma agonia.
No mês passado fui ao
oftalmologista para uma consulta de rotina e pedi-lhe a opinião sobre o uso de
lentes-de-contacto. A sua opinião foi favorável, desaconselhando-me a
utilização diária por a atmosfera do meu local de trabalho ter alguma poeira.
Passou uma receita, deu-me dois ou três conselhos e esclarecimentos e mandou-me
à minha vida.
Confesso que a
utilização de lentes-de-contacto tenha sido qualquer coisa a que resisti um
bocado, pois causava-me alguma apreensão a ideia de andar a esgravatar nos
olhos para lhes colocar um pequeno objecto que se iria manter agarrado a eles
durante o dia. Ontem finalmente, o grande momento! A minha amada, utilizadora
dos ditos objectos, explicou-me os procedimentos e comecei a saga de meia hora
a tentar colocar aquela porcaria.
A certa altura já nem
sabia qual era o lado certo e o avesso das lentes, tinha os olhos vermelhos e
uma sensação de desconforto que até parecia que os tinha lavado com areia. As
lentes encarquilhavam-se a cada toque no olho, pela defesa do pestanejar.
Finda essa meia hora não mandei a tralha toda pia abaixo por algum bom senso e
esperança que ainda um dia vou conseguir.
Sem comentários:
Enviar um comentário