19 de janeiro de 2012

Abrunhosa

A jornalista Judite de Sousa entrevistou hoje no Jornal das 8 da TVI, Pedro Abrunhosa. As minhas obrigações parentais não me deixaram ver, infelizmente, a dita entrevista, não porque seja fã incondicional de Pedro Abrunhosa ou das suas ideias, mas porque acho que ele até diz umas coisas, pese embora na maioria das vezes eu não concordar com elas.
O Pedro Abrunhosa é alguém que faz parte do lote de pessoas com quem eu nem simpatizo por aí além, que tem e defende ideias geralmente diferentes das minhas, no entanto reconheço-lhe o seu inquestionável valor e importância na cultura nacional. 
Sendo um intérprete e não um cantor, como o próprio afirma, criou ao longo da sua carreira, que soube evoluir graças à sua inteligência e perspicácia, temas que me agradam bastante, incontornáveis e marcantes na música portuguesa, que só não atingiram maior expressão por o português não ter visibilidade além-fronteiras. É inquestionável a qualidade da sua escrita.
Felizmente, sou um privilegiado e já tive oportunidade de assistir a três concertos seus, um dos quais fechando o primeiro Rock in Rio realizado em Lisboa, após a actuação de Sting que deve ter sentido uma enorme inveja naquela noite por não ter conseguido agarrar o público como fez o "animal de palco" portuense. Quando a sua curta actuação acabou para começar o fogo de artifício às 4h00 da manhã, o público teve alguma dificuldade em resignar-se por não ouvir mais umas quantas interpretações.

Pedro Abrunhosa - Eu não sei quem te perdeu

Quando veio,
Mostrou-me as mãos vazias,
As mãos como os meus dias,
Tão leves e banais.
E pediu-me
Que lhe levasse o medo,
Eu disse-lhe um segredo:
"Não partas nunca mais".

E dançou,
Rodou no chão molhado,
Num beijo apertado
De barco contra o cais.

E uma asa voa 
A cada beijo teu,
Esta noite
Sou dono do céu,
E eu não sei quem te perdeu.

Abraçou-me
Como se abraça o tempo,
A vida num momento
Em gestos nunca iguais.

E parou,
Cantou contra o meu peito,
Num beijo imperfeito
Roubado nos umbrais.

E partiu,
Sem me dizer o nome,
Levando-me o perfume
De tantas noites mais.

E uma asa voa 
A cada beijo teu,
Esta noite
Sou dono do céu,
E eu não sei quem te perdeu.

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