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Nos últimos dias não
têm parado as notícias de pessoas encontradas em casa mortas depois de dias,
meses ou anos sem serem vistas. Estas pessoas são geralmente velhos sem família
ou sem uma família interessada.
O caso mais gritante
foi o de uma senhora que esteve mais de nove anos morta em casa e só foi
encontrada quando o novo proprietário lá entrou, após ter adquirido a casa em
hasta pública motivada pelo acumular de dívidas.
A ideia de haver alguém
em pleno século XXI em Portugal quem não tenha a data do seu falecimento na lápide
(se é que ela sequer vai existir) deixa-me “assustado”, não que isso faça falta
ao defunto, mas pelo que isso traduz.
A sensação que me
provoca é muito idêntica à das valas comuns, onde não há qualquer valorização
do indivíduo, onde não se respeita a memória e a vida que a pessoa teve, quase
como se fosse uma mera estatística ou um simples corpo sem significado.
Para além disso e
muito mais importante, que a pessoa não tenha tido em vida a preocupação por
parte de alguém, não fazendo falta a ninguém e deixada a afogar-se na solidão.
Esse é mesmo o sentimento que mais me entristece nestas histórias, o não fazer
falta a ninguém, a ponto de ninguém se preocupar ou mexer um dedo sequer para
tentar saber “o que será feito daquele homem ou mulher?”. É a absoluta
indiferença no seu estado mais puro.
Não será fácil
solucionar este problema, Portugal até nem é dos países com mais casos e eu não
tenho uma resposta milagrosa, no entanto não deixa de ser muito triste e alarmante.
A evolução também nos traz destas coisas.