Em toda a minha vida devo ter assistido a quatro ou cinco jogos de futebol no café. Sou um grande aficionado da bola, mas por despertar muitas emoções, roubar algum discernimento e tolerância prefiro ver as jogatanas em casa, onde posso resmungar sozinho e não tenho de aturar os resmungos dos outros. O meu pai ensinou-me que por muito que se goste de futebol, a sua importância não é suficiente para arranjar inimigos, acho que ele tem toda a razão.
Numa dessas raras vezes, tinha para aí uns catorze ou quinze anos, fui ao Café do Senhor Serrano ver um Benfica contra “os outros” (não me lembra quem era o adversário), ao meu lado estava um senhor, se não me engano até era “lagarto”, preferência que não o impedia de ser um grande admirador do Nuno Gomes. A cada remate de um benfiquista à baliza adversária, o dito senhor gritava “Ah ganda Nuno Gomes!”. Obviamente o massacre do Nuno Gomes ocorreu durante noventa minutos mais uns quantos de descontos, mesmo tendo passado a primeira parte no banco e metade da segunda atrás da sua baliza a aquecer. Nem me lembro sequer se depois de entrar, o matador, teve oportunidade de “molhar a sopa”, sei é que fez uma extraordinária exibição, até fora do campo.
Também eu, ao contrário da grande maioria das pessoas, sou um grande admirador das qualidades do Nuno Gomes. Acho que pagou caro por nunca ter sido um ponta-de-lança convencional e ter de arcar com esse rótulo. Na minha opinião, sempre foi um jogador de equipa excepcional, um “segundo” ponta-de-lança que abria espaços e assistia impecavelmente o finalizador.
Como Benfiquista foi irrepreensível, portanto custa-me vê-lo sair desta forma (caso se confirme), principalmente numa altura em que se adivinha a entrada de muita gente nova, onde é fundamental haver alguém que conheça os cantos à casa, que os acolha e integre no balneário. Por mim, merecia mais uma época de vermelho e uma despedida à sua altura.
Ah Grande Nuno Gomes…
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