Há palavras que simplesmente não gosto. A grande maioria delas não tem a ver com a sua sonoridade ou com o significado real, mas com a carga que geralmente as pessoas que as usam lhe atribuem. Duas dessas palavras são jovem e idoso.
No primeiro caso penso que sempre teve associado à forma como a ouvia quando eu próprio era mais... jovem. Sempre que ouvia alguém a dizer, "Tu ainda és um jovem" lá se me arrepiava a espinha e me contorcia interiormente a pensar, "Ai, que já estou a passar por irresponsável". Porventura eu é que estava a ser preconceituoso e a pessoa estava na sua ingenuidade a querer dizer-me que ainda não tinha a experiência suficiente para atingir determinadas conclusões, mas não era assim que eu entendia. Aliás, ainda hoje quando oiço alguém dizer jovem, a conotação que me parece atribuírem à palavra é geralmente negativa.
O desgosto pela palavra idoso não está relacionado com o ser tratado dessa forma, evidentemente, mas por achar que se chama idoso quando se quer "falar caro" ou por ser feio usar a palavra "Velho", à qual já acho alguma piada. Até parece que ao se chamar velho a alguém se está a insultar a pessoa! Na minha pequena mente associo sempre um "idoso" a quem não está bem na sua própria pele e que ainda vive na ilusão de ser novo. Na minha opinião, quem tem mais de sessenta e cinco anos (idade da reforma por velhice), é velho. Se assim é, há que o chamar dessa forma.
Eu quero chegar aos sessenta e cinco anos, ser velho e ser tratado como tal. O ser tratado como tal implica que seja respeitado pelos meus cabelos branco, pelas minhas experiências boas ou más, por ter chegado vivo a essa idade e espero ao chegar lá ter alguma coisa para ensinar humildemente aos mais novos. Acho que vou também usar e abusar do "no meu tempo...".