Muito simples, por o
mote ser esse. Não que tenha alguma coisa a favor ou contra a troika, mas por
ser, em minha opinião, o motivo errado.
A troika é
constituída pelo Fundo Monetário Internacional, o Banco Central Europeu e a Comissão
Europeia. Não ocupou o território, nem a nossa economia à força, fomos nós que
os chamámos para nos emprestar dinheiro porque não conseguíamos suportar as
nossas despesas. Financiaram-nos e nós aceitámos as condições, boas ou más, são
as possíveis porque estávamos mais tesos que um carapau. Não nos podemos é
recusar a pagar a quem devemos!
Outro motivo que me
fez tomar a decisão de não ir à manifestação, está relacionado com o aproveitamento
político que é feito pelos partidos. Por mais que digam que não é uma
manifestação partidária, todos esses parasitas vão estar na primeira fila. E eu,
Joel Mota, estou tão contra o governo, como contra esta oposição a este
governo. Temos uma classe política muito rasteira. Não propõem medidas sérias,
não abdicam dos seus interesses e não agem em benefício do país. Mudam os cús
mas as cadeiras são sempre as mesmas.
Se me sinto mal por
não me manifestar ao lado dos que reclamam causas justas? Sim, chateia-me
bastante não demostrar que também quero agir. Se esta manifestação fosse contra
toda a classe política, porque foram eles que nos meteram neste abismo, se
fosse contra todos os que foram cúmplices ou que ajudaram a dar no nó na corda
que temos ao pescoço, eu estaria lá. Essa sim, seria uma forma completamente
apartidária de mostrar a indignação do povo.
Quanto a esses
senhores que vivem à nossa conta, não deixo apelo nenhum, até porque não vão
ler o que escrevo e mesmo que lessem tudo permaneceria na mesma. Os seus discursos
raramente fogem a um enorme chorrilho de asneiras ditas para seu próprio
interesse e branqueamento dos seus comportamentos desviantes.
O que eu gostava
mesmo é que levassem um valente aperto, que fossem chamados à razão, que pagassem
de uma vez por todas pela merda que fazem, que comessem o pão que o diabo,
personificado pela sua classe, amassou.
Quem são eles para
falar em dificuldades, em desemprego, em falta de dinheiro? Quantos deles têm
de contar os tostões para comprar comida para por na mesa aos filhos? Quantos
pagam juros ao banco pelo atraso das mensalidades só porque o patrão não pagou
a tempo? Quantos é que estiveram desempregados meses a fio? Quantos é que
descontaram 40 ou mais anos para receberem pouco mais que um miserável ordenado
mínimo de reforma?
Tenham respeito por
quem lhes paga os luxos.
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