6 de março de 2012

AVB


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Se no ano passado André Villas-Boas (AVB) deu de vilas-diogo da cadeira de sonho, no passado fim-de-semana foi Roman Abramovich a apontar-lhe a porta de saída do seu parque de diversões Londrino. Se bem que, segundo os jornais ingleses, AVB deixou a montanha-russa com 13 milhões no bolso, que sempre dá para atenuar um bocado a decepção.
Como benfiquista, tenho a pior opinião possível de Villas-Boas, o que não é necessariamente mau para si. Enquanto esteve no FCP, ganhou quase tudo o que havia para ganhar e só não ganhou mesmo tudo porque o maior clube do mundo ganhou a taça da liga (competição que me parece ser de enorme importância).
Honestamente, não considero que Villas-Boas seja nem um péssimo, nem um extraordinário treinador, é simplesmente um bom treinador. No FCP teve a sorte de ter um muito bom plantel, com a natural estrutura bem montada, pela qual é conhecido o clube, à qual só teve de juntar alguma capacidade (que a tem) para conseguir resultados.
No Chelsea a coisa é um bocado diferente, vive-se sempre na sombra de Mourinho. Villas-Boas chegou como “Salvador”, evidenciando algum deslumbramento com a nova realidade e com o peso da sua transferência ser mais cara da história (envolvendo um treinador). Pegou num plantel globalmente fraco e envelhecido para os objectivos a que se propunha com uma agravante, esses jogadores já começam a não ter pernas mais ainda reclamam o estatuto de vedetas. Depressa os resultados ficaram aquém do esperado, a classificação a descer e a sobressair alguma instabilidade interna por conflitos entre jogadores e treinador, denotando este último sempre alguma arrogância quando falava do assunto.
Como o elo mais fraco é sempre o treinador, e no Chelsea ainda mais, o espaço de manobra encurtou. Roman Abramovich gere o clube com notórios caprichos e como se fosse um brinquedo, sendo até enigmática a forma como gerou fortuna tendo em conta os princípios de gestão que aplica ao clube.
É perfeitamente perceptível que o Chelsea é um clube rico mas onde não existe a mais pequena ponta de estabilidade. Tudo é descartável, e os grandes clubes não se fazem desta forma, que o diga o Manchester United que mantém o mesmo treinador há mais de 25 anos.
Quanto a André Villas-Boas, será muito provavelmente o próximo treinador de um clube italiano, Roma ou Inter. Se for para o Inter, depois de lá ter passado como adjunto de Mourinho, viverá também alguma da pressão que viveu no Chelsea e pelos mesmos motivos, estigma “Mourinho” e plantel envelhecido, resta saber se lidará melhor com as circunstâncias.

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