Se no ano passado
André Villas-Boas (AVB) deu de vilas-diogo da cadeira de sonho, no passado
fim-de-semana foi Roman Abramovich a apontar-lhe a porta de saída do seu parque
de diversões Londrino. Se bem que, segundo os jornais ingleses, AVB deixou a
montanha-russa com 13 milhões no bolso, que sempre dá para atenuar um bocado a
decepção.
Como benfiquista,
tenho a pior opinião possível de Villas-Boas, o que não é necessariamente mau
para si. Enquanto esteve no FCP, ganhou quase tudo o que havia para ganhar e só
não ganhou mesmo tudo porque o maior clube do mundo ganhou a taça da liga
(competição que me parece ser de enorme importância).
Honestamente, não
considero que Villas-Boas seja nem um péssimo, nem um extraordinário treinador,
é simplesmente um bom treinador. No FCP teve a sorte de ter um muito bom
plantel, com a natural estrutura bem montada, pela qual é conhecido o clube, à
qual só teve de juntar alguma capacidade (que a tem) para conseguir resultados.
No Chelsea a coisa é
um bocado diferente, vive-se sempre na sombra de Mourinho. Villas-Boas chegou
como “Salvador”, evidenciando algum deslumbramento com a nova realidade e com o
peso da sua transferência ser mais cara da história (envolvendo um treinador).
Pegou num plantel globalmente fraco e envelhecido para os objectivos a que se
propunha com uma agravante, esses jogadores já começam a não ter pernas mais
ainda reclamam o estatuto de vedetas. Depressa os resultados ficaram aquém do
esperado, a classificação a descer e a sobressair alguma instabilidade interna
por conflitos entre jogadores e treinador, denotando este último sempre alguma
arrogância quando falava do assunto.
Como o elo mais fraco
é sempre o treinador, e no Chelsea ainda mais, o espaço de manobra encurtou.
Roman Abramovich gere o clube com notórios caprichos e como se fosse um
brinquedo, sendo até enigmática a forma como gerou fortuna tendo em conta os
princípios de gestão que aplica ao clube.
É perfeitamente
perceptível que o Chelsea é um clube rico mas onde não existe a mais pequena
ponta de estabilidade. Tudo é descartável, e os grandes clubes não se fazem
desta forma, que o diga o Manchester United que mantém o mesmo treinador há
mais de 25 anos.
Quanto a André
Villas-Boas, será muito provavelmente o próximo treinador de um clube italiano,
Roma ou Inter. Se for para o Inter, depois de lá ter passado como adjunto de
Mourinho, viverá também alguma da pressão que viveu no Chelsea e pelos mesmos
motivos, estigma “Mourinho” e plantel envelhecido, resta saber se lidará melhor
com as circunstâncias.