O aniversário comemorado
no dia de hoje é demasiado importante para o mundo actual globalizado para ser deixado
passar sem qualquer referência. Faz hoje 10 anos que ocorreram os atentados às
torres gémeas, pentágono e a um avião que acabou por cair sem atingir o seu
alvo.
Desse dia a minha memória reteve
uma ida à praia de São Pedro de Moel, na companhia de três amigos da turma, já na
recta final das férias de Verão, antes de começar mais um ano lectivo. Aquela
aparentemente normal e agradável tarde de praia foi de repente interrompida
pelo telefonema do irmão de um dos meus amigos a informá-lo do que estava a
acontecer.
Inicialmente a informação
não era muito clara. Segundo ele, estavam a cair aviões em Nova Iorque, tendo
já sido atingido o Pentágono e o Empire State Building. Nem cinco minutos
depois, outro telefonema que esclarecia não ser o Empire State Building, mas as
torres gémeas do World Trade Center.
Na companhia de um dos
meus amigos desloquei-me até um dos cafés situado na praça de São Pedro de
Moel, para tentar ver os blocos noticiosos que supusemos estarem a ser
transmitidos. Ao chegar ao café apercebemo-nos que a inquietação era geral e ninguém
sabia muito bem o que pensar daquilo tudo. As primeiras imagens que vimos foram
do impacto do avião na segunda torre. À violência das imagens e o absurdo
daqueles atentados reagimos praguejando vezes sem conta. Por mais deselegante
que tal pudesse ser, não havia palavras lógicas perante o choque e imensidão
daquela tragédia.
A pouco e pouco foram
chegando mais informações, mais imagens e a notícia de que outro avião, supostamente,
já teria caído. O passar do tempo só acentuava as dúvidas e o medo, por não se
saber o que mais poderia acontecer, se os atentados se espalhariam por outros
países, qual o objectivo de tamanha crueldade e principalmente, quem teria
ordenado uma coisa daquelas?
Não permanecemos muito
tempo no café, regressámos para junto dos outros amigos que haviam ficado na
praia, ainda incrédulos perante a brutalidade das imagens. Quando lá chegámos
tentámos transmitir o sucedido dentro da óbvia limitação das palavras.
Continuar a usufruir do final da tarde solarenga na areia não era simplesmente
possível, o desassossego era tal que não conseguíamos parar de falar no
assunto.
Estava ansioso por chegar
a casa, não só para ver os desenvolvimentos dos acontecimentos, mas sobretudo
para falar com os meus pais, para saber qual o seu estado de espírito. Nesse
dia não descolei da televisão até me deitar, já de madrugada. A frase que ouvi
repetir vezes sem conta, é que o mundo não voltaria a ser o mesmo. Não sei se
voltou ou não, certamente que para uns voltou e para os que sentiram os
atentados na pele, quer pela sua presença, quer pela presença de amigos ou
familiares nos locais atingidos, não voltou seguramente. Houve porém um grande
ensinamento a reter, não há países intocáveis independentemente de serem muito
poderosos e avançados tecnologicamente. A vulnerabilidade é uma constante e
muitas vezes o inimigo mora em nossa casa.
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