30 de setembro de 2011

Um anito

Hoje a minha pequenita faz um anito, o que quer dizer que há precisamente um ano a minha vida e da minha esposa mudou radicalmente. Como todos os pais felizes por o serem, sinto-me orgulhosíssimo da minha filha, mesmo que ela seja simplesmente uma criança normal, que faz tudo o que as outras crianças da sua idade, mesmo que tal como todos os pais eu ache que ela é genial e “já” faz isto ou aquilo.
Uma coisa que sempre me irritou nos pais (e continua a irritar) é a gabarolice em relação aos seus filhos, e eu como pai que sou, sou (in)felizmente igual! Esta crónica é um bom exemplo disso. Procuro evitar massacrar toda a gente com as façanhas da minha filha, ou de a ter exposta em tudo quanto é sítio, fundo do pc, fundo do telemóvel, facebook e por aí fora. Não critico quem o faz, aliás até acho que é tentador fazê-lo, não quero é que a coisa descambe para o exagero.
Para mim ser pai sempre foi um objectivo de vida, sempre pretendi ver prolongada a minha existência através de um filho ou filha, de ver o fruto da minha união com a minha cara-metade, de ter uma família. Há um ano atrás esse rebento nasceu. A primeira conclusão a que cheguei é que por maior que seja a mentalização para a realidade parental, nunca estamos suficientemente preparados. Aqueles pequeninos seres, frágeis e adoráveis vêm sem manuais de instrução, não seguem as nossas lógicas e não comunicam pela nossa linguagem.
Lembro-me de chegar com a pequenota a casa pela primeira vez e de pensar “E agora?”, pergunta essa que se repetiu vezes sem conta. A resposta é geralmente sempre a mesma, “Agora ages, analisas os sinais e ages!”, curiosamente tenho-me saído melhor do que pensei nesse dia, no entanto ansioso para que ela comece a falar um português que eu perceba, para evitar equívocos.
Certo é, que a cada dia que passa a recompensa por ser pai é maior. Os sorrisos e carinho que a minha filha me dá, são de um valor incalculável, o simples toque da sua pequena mãozita tem um efeito reconfortante que a nada se compara. É por estes mimos que me supero e aguento o cansaço físico provocado pelas noites mal dormidas. 
Parabéns minha menina!

28 de setembro de 2011

Ausência

Na passada sexta-feira faleceu um dos meus tios e apenas ontem foi a sepultar. Por esse motivo, visto não ter nem motivação, nem ideias, nem assunto para escrever o que quer que fosse, mantive-me ausente aqui do blog.
O que pretendo hoje aqui escrever resume-se essencialmente ao agradecimento a todas as pessoas que se têm preocupado, ajudado e prestado auxílio aos meus pais, nestes momentos tão difíceis. Agradeço também a todos os amigos que nos momentos complicados têm demonstrado a sua solidariedade e com isso ajudado a atenuar a dor. 

22 de setembro de 2011

FCP - SLB


Amanhã é dia de jogo grande, o dérbi F.C. Porto – S.L. Benfica e eu faço naturais votos de que seja um bom jogo, bem disputado, sem casos e que ganhe o melhor (está visto que não consigo ser imparcial, era inevitável desejar a vitória do SLB). 

21 de setembro de 2011

Alzheimer


O dia 21 de Setembro é o dia mundial do doente com Alzheimer. Decidi falar nisso porque conheço a doença de muito perto, através da minha avó materna que sofreu desse mal a par da doença de Parkinson.
Por certo serão poucas pessoas que desconhecem o seu principal sintoma, a perda progressiva de memória, ainda assim haverão muitas que não terão a noção do quão cruel isso se torna. A doença de Alzheimer é uma doença violentíssima do ponto-de-vista psicológico para o doente, principalmente na fase inicial, e ainda mais violenta para a família numa fase mais avançada.
Acho que nos primeiros tempos, em que o doente ainda tem a noção dos lapsos de memória que o tocam, isso se torna desesperante pois há a noção clara da perda de capacidades. Com o passar do tempo e acentuar da doença, vão perdendo a maioria das suas recordações, geralmente a começar pelas mais recentes, até não terem grande noção do que os rodeia, podendo até perder faculdades básicas e esquecer os que lhe mais próximos, caso dos filhos e cônjuges.
Ao contrário da doença de Alzheimer, considero que a doença de Parkinson é mais difícil de suportar para o doente, por sentir constantemente a falta de controlo dos movimentos ou sofrer tremores constantes.
A minha avó sofreu das duas doenças, e foi extremamente desgastante para ela e para os que a rodeavam (principalmente para a minha corajosa mãe), vê-la decair física e mentalmente a cada dia que passava. A pouco e pouco vimo-la transformar-se, alterar os seus comportamentos e converter-se numa pessoa que na verdade ela não era e não merecia ser, por ser de uma bondade genuinamente enorme. Infelizmente deixou de conhecer filhos, netos, genros e noras, todos à excepção dos meus pais e de mim por convivermos permanentemente consigo (embora nem sempre seja assim). 

Tenho muitas saudades da minha avó na sua verdadeira essência com todas as suas faculdades e todo o seu carinho.

20 de setembro de 2011

Carta de moto

Ultimamente, como já disse aqui um dia destes, tenho andado a interessar-me mais por motos e a pensar muito seriamente em adquirir uma. Este desejo esbarra porém em duas questões (para além do carcanhol), a primeira se calhar mais importante, não tenho qualquer experiência na matéria e a segunda, a carta de condução de automóvel só me permite conduzir motos até 125 cc.
Em conversa com alguns entendidos na matéria, a distância de casa ao trabalho é demasiado longa para uma moto desta cilindrada, pois iria dar cabo do motor do brinquedo rapidamente. Uma cilindrada maior é mais adequada mas implica tirar a carta de motociclos. Em conversa com um primo meu, fui aconselhado por ele a pensar mais a sério nesta possibilidade, pois para além de ultrapassar essa condicionante, ainda me dá alguma experiência que tanta falta me faz.
Após alguma ponderação e metida definitivamente a ideia na cabeça, conversei com a minha linda esposa que me apoiou na ideia e evitou uma sessão de beiço. Quem não ficou muito agradado com a decisão foram os meus pais.
Os meus pais sempre foram completa e absolutamente contra eu ter uma moto, aliás o meu pai sempre disse que me pagava a carta de carro, como fez, mas de moto é que nem pensar. Enquanto vivesse debaixo daquele tecto não havia de ter uma moto, portanto nunca sequer alimentei muito essas esperanças e como tinha carro e carta, também não era coisa que me preocupasse.
Verdade seja dita e como pai que já sou até acabo por compreender a sua preocupação, o que não me impediu de hoje me inscrever na escola de condução.

18 de setembro de 2011

Aniversário do Rei

No dia 16 de Setembro Riley Ben King, celebrou o seu 85º Aniversário. À primeira vista este nome não será familiar a muita gente, inclusivamente a mim próprio (até hoje), mas se disser B.B. King, será fácil lembrar de imediato aquele senhor sorridente, de fato brilhante, a vibrar com o som da sua "Lucille". Blues Boy King decidiu apelidar as suas guitarras de Lucille, a partir do dia em que teve de arriscar a própria vida para salvar a sua guitarra num incêndio ocorrido num salão de dança onde tocava, originado por uma luta entre dois homens que disputavam uma mulher chamada Lucille.
B.B. King, nascido numa plantação de algodão no Mississipi, começou a tocar guitarra à porta da igreja e foi à custa de muito esforço e dedicação que se tornou num dos mais extraordinários guitarristas de Blues. Para além de ser um exímio instrumentista é também conhecido por ser extremamente bem-disposto e por manter sempre aquele ar paternalista e brincalhão. 
Por mim durava pelo menos mais cem anos, todos eles com uma agenda bem preenchida se possível com uns quantos concertos em Portugal para eu poder ter o privilégio de me deliciar com os seus solos ao vivo. 

17 de setembro de 2011

Um simples copo de água

Segundo Einstein, "A estupidez é incrivelmente mais fascinante do que a inteligência, pois a inteligência tem limites mas a estupidez não". 
Ontem vi num dos noticiários da hora de almoço, uma notícia sobre a publicação de um livro de uma jornalista francesa, Anne-Isabelle Tollet, que relata a história de uma mulher cristã paquistanesa que num dia tórrido com uma temperatura de 40ºC, tirou água de um poço pertença a mulheres muçulmanas e bebeu água pelo copo das ditas mulheres. O livro intitula-se "Blasfémia - Condenada à morte por um copo de água"
O gesto que a nós pode parecer normal e lógico custou-lhe, em Novembro de 2010, a condenação à morte por enforcamento, por ter praticado o crime de blasfémia. O facto de ser cristã retira-lhe o direito de beber água do mesmo poço, e de partilhar o mesmo copo que um muçulmano sobr risco de contaminação da água, segundo o decretado pelo tribunal que a julgou.
Perante tal atrocidade, o governador Salaam Tasser e o ministro cristão Shahbaz Bhatti saíram em sua defesa, o que acabou por resultar no assassinato de ambos. A própria jornalista já foi também ameaçada de morte, vindo-se obrigada a abandonar o Paquistão e a regressar a França. 
Entretanto surgiu a possibilidade de haver um perdão concedido pelo presidente paquistanês, Asif Ali Zardari, caso o supremo tribunal não anule a sentença. Até lá Ásia Bibi Continua no corredor da morte.

16 de setembro de 2011

Nevoeiro

Hoje pela primeira vez em duas semanas, o caminho de casa para o trabalho não foi feito envolvido pelo nevoeiro. Há pessoas que detestam nevoeiro, por não estar sol, por não se ver um palmo à frente dos olhos, mas eu cá até gosto!
Agradam-me os dias de nevoeiro por terem um “quê” de misterioso, sem se conseguir ter uma visão absoluta do horizonte e de ter a sensação de caminhar por entre as nuvens. Gosto bastante de ver também aquele mar de neblina que banha os montes a sobressaírem como ilhotas dos vales escondidos.
Outra coisa que me agrada no nevoeiro é a expectativa de poder encontrar finalmente o D. Sebastião. Toda a gente sabe que a probabilidade de o encontrar nesses dias aumenta exponencialmente, e eu claro, estou sempre atento. Aliás ando inclusivamente mais devagar, não vá ele lembrar-se de se me atravessar à frente do veículo montado no seu nobre corcel. Ainda arranjava um trinta e um e punha o país contra mim por passar-a-ferro “O Desejado”.
Aproveito até para lhe lançar aqui um apelo:
Sebastião caríssimo, se estás a ler isto e se pensas aparecer um dia destes, por questões de segurança, aconselho-te a comprares um daqueles coletes fluorescentes que alguma malta usa no banco do carro (para o estilo), de preferência verde. Há-os também em cor-de-laranja e cor-de-rosa mas com essa gola e imberbe como és, o melhor é não arriscar. Outra coisa, não te ponhas com brincadeiras de andar a abrir na montada em dias de neblina, o D. Fuas Roupinho armou-se em caçador na Nazaré e não quinou por milagre. Juizinho! 

14 de setembro de 2011

O Grande Ditador


Se bem me lembro, a primeira vez que vi este filme devia ter uns 15 ou 16 anos, provavelmente numa das noites de cinema da RTP2, já que este filme é demasiado "alternativo" para passar num canal qualquer de sinal aberto que não seja esse. Não sei ao certo quantas mais vezes o vi, sei é que já tenho algumas saudades de me sentar à frente da televisão e assistir à genialidade de Charlie Chaplin a interpretar Adenoid Hynkel, satirizando Hitler.
O filme é de 1940 e segundo me parece por este discurso, 71 anos depois ainda não está completamente desactualizado. Para quem não conhece, vale a pena ver, para quem conhece, vale a pena recordar.


13 de setembro de 2011

Ka mate, Ka mate, Ka ora

Os ingleses dizem que o Râguebi é um desporto de brutos disputado por cavalheiros, enquanto o futebol é um desporto de cavalheiros disputado por brutos. Compreendendo a frase no seu sentido figurado, acho-lhe piada e acabo por lhe reconhecer algum fundo de verdade. O râguebi é claramente um desporto com muito contacto físico, onde é empregue toda a virilidade e mais alguma, mas onde raras ocasiões se vêem situações de indisciplina, tendo em conta a frequência com que se pisam cabeças.
Está a decorrer neste momento, na Nova Zelândia, o campeonato mundial de Râguebi, sem que infelizmente estejam presentes os nossos “Lobos”. Para grande orgulho nacional, os nossos compatriotas foram na sua estreia em 2007, uns dignos participantes apesar de serem até hoje, a única selecção amadora a entrar num campeonato do mundo deste desporto.
Não sendo um fanático, nem fiel seguidor da modalidade, gosto de assistir a um bom jogo, sobretudo quando envolve selecções dos países que competem no torneio das 6 nações (França, Inglaterra, Escócia, País de Gales, Itália e República da Irlanda) ou da selecção da Neozelandesa, minha preferida (excepto contra Portugal, obviamente).
Mas o que mais me fascina nos jogos de râguebi dos All Blacks (Selecção da Nova Zelândia) é o ritual que antecede os jogos. O “haka” é uma dança tradicional Maori, executada para intimidar os adversários, motivar a equipa empolgando também quem assiste àqueles movimentos ritmados de bater de pés e mãos, acompanhados sempre pelas assustadoras caretas.


11 de setembro de 2011

Farewell Mr. Bean

Na semana passada, Rowan Atkinson anunciou o abandono da personagem que o tornou mais conhecido, o célebre Mr Bean. 
Não deixo de sentir uma ligeira tristeza pela sua decisão, não sendo actualmente um grande apreciador de Mr Bean, já o fui em tempos idos. O “pseudo-mimo” Inglês era sem dúvida uma personagem peculiar, à qual era difícil ficar indiferente. Rowan Atkinson interpretava-o extraordinariamente, não só pela sua figura de si caricaturável, mas também pela sua expressividade e aptidão para o humor físico.
Com o tempo, Rowan Atkinson, foi ganhando os sacanas dos quilitos, as rugas, os cabelos brancos e achou que deixava de fazer sentido interpretar o famoso Londrino do mini amarelo, preferindo mantê-lo parado no tempo.
Se eu lhe pudesse dar um conselho dizia-lhe que não voltasse atrás na decisão, as façanhas de Mr Bean já não deveriam provocar muitas mais gargalhadas, sendo melhor recordá-lo com alguma frescura, a vê-lo arrastar-se infindavelmente com o seu urso de peluche. 

Há 10 anos


O aniversário comemorado no dia de hoje é demasiado importante para o mundo actual globalizado para ser deixado passar sem qualquer referência. Faz hoje 10 anos que ocorreram os atentados às torres gémeas, pentágono e a um avião que acabou por cair sem atingir o seu alvo.
Desse dia a minha memória reteve uma ida à praia de São Pedro de Moel, na companhia de três amigos da turma, já na recta final das férias de Verão, antes de começar mais um ano lectivo. Aquela aparentemente normal e agradável tarde de praia foi de repente interrompida pelo telefonema do irmão de um dos meus amigos a informá-lo do que estava a acontecer.
Inicialmente a informação não era muito clara. Segundo ele, estavam a cair aviões em Nova Iorque, tendo já sido atingido o Pentágono e o Empire State Building. Nem cinco minutos depois, outro telefonema que esclarecia não ser o Empire State Building, mas as torres gémeas do World Trade Center.
Na companhia de um dos meus amigos desloquei-me até um dos cafés situado na praça de São Pedro de Moel, para tentar ver os blocos noticiosos que supusemos estarem a ser transmitidos. Ao chegar ao café apercebemo-nos que a inquietação era geral e ninguém sabia muito bem o que pensar daquilo tudo. As primeiras imagens que vimos foram do impacto do avião na segunda torre. À violência das imagens e o absurdo daqueles atentados reagimos praguejando vezes sem conta. Por mais deselegante que tal pudesse ser, não havia palavras lógicas perante o choque e imensidão daquela tragédia.
A pouco e pouco foram chegando mais informações, mais imagens e a notícia de que outro avião, supostamente, já teria caído. O passar do tempo só acentuava as dúvidas e o medo, por não se saber o que mais poderia acontecer, se os atentados se espalhariam por outros países, qual o objectivo de tamanha crueldade e principalmente, quem teria ordenado uma coisa daquelas?
Não permanecemos muito tempo no café, regressámos para junto dos outros amigos que haviam ficado na praia, ainda incrédulos perante a brutalidade das imagens. Quando lá chegámos tentámos transmitir o sucedido dentro da óbvia limitação das palavras. Continuar a usufruir do final da tarde solarenga na areia não era simplesmente possível, o desassossego era tal que não conseguíamos parar de falar no assunto.
Estava ansioso por chegar a casa, não só para ver os desenvolvimentos dos acontecimentos, mas sobretudo para falar com os meus pais, para saber qual o seu estado de espírito. Nesse dia não descolei da televisão até me deitar, já de madrugada. A frase que ouvi repetir vezes sem conta, é que o mundo não voltaria a ser o mesmo. Não sei se voltou ou não, certamente que para uns voltou e para os que sentiram os atentados na pele, quer pela sua presença, quer pela presença de amigos ou familiares nos locais atingidos, não voltou seguramente. Houve porém um grande ensinamento a reter, não há países intocáveis independentemente de serem muito poderosos e avançados tecnologicamente. A vulnerabilidade é uma constante e muitas vezes o inimigo mora em nossa casa.

10 de setembro de 2011

7 Maravilhas

Tem estado a decorrer em Portugal, o concurso que pretende encontrar as 7 maravilhas da gastronomia, sendo hoje o dia da sua comunicação ao país. Lembro-me de ouvir, quando andava na escola, das 7 maravilhas do mundo compostas pelo Colosso de Rhodes, os Jardins Suspensos da Babilónia, o Farol da Alexandria, as Pirâmides de Quéops, a Estátua de Zeus em Olímpia, o Templo de Artémis em Éfeso e o Mausoléu de Helicarnasso.
Em 2007, mais exactamente no dia 07-07 no estádio da Luz, foram divulgadas as novas 7 maravilhas do mundo e a partir daí nunca mais acabou o raio do “maravilhanço”. Elegeram as 7 maravilhas de Portugal, as 7 maravilhas Naturais, as 7 maravilhas do mundo com origem portuguesa e agora as 7 maravilhas da gastronomia, por este andar daqui a 50 anos ainda andamos nisto a encontrar maravilhas em tudo quanto é motivo e o mundo será um sítio maravilhoso.
Acho que seria interessante variar, criar outra denominação e outras áreas de interesse ou até de desinteresse. Podia começar-se por substituir a palavra “maravilha” que já está um bocado gasta e qualquer dia já ninguém a pode ouvir. Acho até que “maravilha” dá um ar de deslumbre um bocado patego. Proponho que se utilize uma palavra um bocado mais pujante, tipo “Os 7 portentos” ou “As 7 magnificências” ou melhor ainda “As 7 sumptuosidades”. Vejamos como é que isto fica:
- Os 7 portentos de Portugal;
- As 7 magnificências naturais de Portugal;
- As 7 sumptuosidades da gastronomia portuguesa.
Parece-me bem mais apelativo! Adaptando a eleição a outras categorias também elas dignas merecedoras, podíamos encontrar coisas tão fantásticas como:
- Os 7 portentos do gamanço em Portugal;
- As 7 magnificências da trafulhice;
- As 7 sumptuosidades da palermice.
Graças a esta crónica ainda me arrisco a ser nomeado para a última categoria.

9 de setembro de 2011

Greve

No início desta semana, Paulo Portas desaconselhou a realização de greves sob pena de acentuar o empobrecimento do país. Correndo o risco de ser mal interpretado ou polémico, concordo completamente.
Em meu entender, as greves são um instrumento utilizado como forma de protesto pelo trabalhador, não executado as suas tarefas habituais e abdicando consequentemente do seu salário, devendo manter-se obrigatoriamente no posto de trabalho para legitimamente reivindicar os seus direitos.
As greves que me acostumei a ver, não passam de um conjunto de pessoas que aproveita o dia sem trabalhar para usufruir dele como se de férias se tratassem. Na maioria dos casos os grevistas não estão no local de trabalho em protesto, estão sabe-se lá onde… em descanso ou lazer. Considero portanto, que para o trabalhador ver reconhecido esse seu direito teria de comparecer no local de trabalho, caso contrário tinha falta injustificada.
Um dos meus amigos costumava comentar, que em Portugal só se marcavam greves para as sextas-feiras ou para as segundas-feiras, prolongando assim o fim-de-semana. Depois de o ouvir proferir esta afirmar, mantive-me atento durante algum tempo e coincidência ou não, ele tinha mesmo razão. Quando a imagem que passa de uma greve é o incentivo à preguiça, qualquer argumento reivindicativo fica imediatamente fragilizado.
Não sou contra as greves nem as acho inúteis, muito pelo contrário, considero ser um direito demasiado sério e valioso para se praticar levianamente.

8 de setembro de 2011

One of Us

Prince - One of Us

Joan Osborne - One of Us

Enquanto conferenciava com os meus botões apareceu-me aqui uma música na cabeça, que não ouço há algum tempo, mas cuja letra me transportou para as inevitáveis divagações. Se não me engano, “One of us” é também interpretado por Prince (ou do artista anteriormente conhecido como Prince, que entretanto adoptou o nome de um símbolo - é ou não é parvo?), tendo-me chegado aos ouvidos pela primeira vez através da Joan Osborne.
A letra é a seguinte:

"If God had a name, what would it be?
And would you call it to His face
If you were faced with Him in all His glory?
What would you ask if you had just one question?
Yeah, yeah, God is great
Yeah, yeah, God is good

Yeah, yeah, yeah, yeah, yeah

What if God was one of us?
Just a slob like one of us
Just a stranger on the bus
Trying to make His way home

If God had a face, what would it look like?
And would you want to see
If seeing mean that you would have to believe
In things like Heaven and Jesus and the Saints
And all the prophets?

Yeah, yeah, God is great
Yeah, yeah, God is good
Yeah, yeah, yeah, yeah, yeah

What if God was one of us?
Just a slob like one of us
Just a stranger on the bus
Trying to make His way home
Just trying to make His way home
Back up to Heaven all alone
Nobody call him on the phone
'Cept for the Pope, maybe, in Rome

Yeah, yeah, God is great
Yeah, yeah, God is good
Yeah, yeah, yeah, yeah

What if God was one of us?
Just a slob like one of us
Just a stranger on the bus
Trying to make His way home
Like a holy rolling stone
Back up to Heaven all alone
Just trying to make His way home
Nobody call him on the phone
'Cept for the Pope, maybe, in Rome"

A questão que me desencaminhou o pensamento foi, “que perguntarias a Deus se tivesse apenas uma questão?”.
O facto de dispor de “uma” e apenas “uma” pergunta, sendo fundamental colocar a questão certa sem margem para erros, é logo a maior dificuldade. Seria deveras lixado gastar uma tão importante pergunta e ela ser completamente despropositada ou absurda.
Dificuldade seguinte, o objecto da pergunta, afectivo ou material? Para não infringir o pecado mortal da avareza e não correr o risco de ser ofensivo, seria mais ponderado fazer uma pergunta de cariz afectivo, sobretudo sendo essa também a componente mais importante da vida.
Qualquer interrogação anteciparia ou influenciaria uma situação futura, o que acabava por tirar alguma aleatoriedade e emoção à minha vida por viver. Se a resposta implicasse um desfecho positivo, por certo que a tendência seria a de agir mais despreocupadamente arriscando encaminhar-me para a irresponsabilidade. Poderia ser tentado a viver sob o lema “melhor, para quê?”.
Caso a resposta de Deus me fosse desfavorável a coisa podia ser ainda pior, o resultado sabia-se não ser bom, tendo ainda de agonizar até à chegada desse momento ou conviver com uma qualquer frustração pela privação de algo.
Portanto, analisando sensatamente as possibilidades, não Lhe perguntava nada!

7 de setembro de 2011

Civi...quê? Civismo? Desconheço!


Uma vez o Herman José contou que numa visita sua à Holanda, ao passar numa rua, assistiu a um senhor num carro de matrícula italiana estacionado junto ao passeio, sacar do cinzeiro do carro e despeja-lo em plena rua. Nisto, uma senhora holandesa que caminhava com dois sacos do lixo, acabada de assistir àquele triste espectáculo, dirige-se ao carro descapotável a bufar e despeja-lhe os sacos no banco de trás. Não sei qual foi o desfecho da história, certo é que lhe admiro e invejo a coragem, pois eu não seria seguramente capaz de o fazer.
Hoje, enquanto me deslocava para o trabalho assisti a uma situação que é, infelizmente frequente. O condutor do carro que seguia à frente do meu a certa altura decidiu abrir a janela e mandar fora um papel. Não raras vezes assisto a um cenário equivalente protagonizado por uma senhora num Opel Frontera cinzento perto de minha casa, logo de manhã, embora neste caso em vez de um papel o objecto atirado fora seja uma beata de cigarro ainda incandescente. 
Estas situações tiram-me do sério, se há coisa que me deixa completamente alterado é a falta de civismo. Acho impressionante que este grau de estupidez ainda habite em tantas cabeças e que em pleno 2011 com tanta informação sobre questões ambientais, já para não falar no respeito pela propriedade comum, ainda haja destes grunhos à solta.
Ao ver cenas destas sinto crescer dentro de mim um “Yosemite Sam”, desenho animado da Warner Brothers, começo a barafustar com vontade de os desancar, sinto a cabeça a inchar e a ficar vermelha prestes a explodir enquando deito fumo pelas orelhas! É que não há paciência!

6 de setembro de 2011

José e Pilar


Há uns tempos, a SIC transmitiu um filme dividido em dois episódios de seu nome “José e Pilar”, cujos protagonistas são José Saramago e Pilar del Rio. Na altura não tivemos, oportunidade de assistir ao referido filme e pusemo-lo a gravar. Finalmente, anteontem e ontem, lá houve um tempinho e decidimos ver dita gravação.
Confesso que nunca li qualquer livro de José Saramago, mas confio na capacidade de avaliação da Academia Nobel, portanto parto do princípio que seja um escritor excepcional, goste-se ou não do seu trabalho. Quanto ao homem, desse tinha uma opinião que não abonava muito a seu favor, excepto quanto à preferência clubística pelo Glorioso.
Na minha opinião, José Saramago, sempre foi uma pessoa assumida e propositadamente polémica que dizia o que queria e lhe apetecia só porque entendia que o podia fazer, sem se preocupar nas prováveis ofensas a terceiros. Era um provocador. Por estes motivos, não era apreciador do seu estilo e muito menos na sua vontade em me converter num espanhol.
Antes de o ver no seu “habitat” natural através do filme, agindo como pessoa normal que era, com defeitos e virtudes, tive alguma esperança que a minha ideia de si pudesse ser alterada, até porque segundo a sua esposa, Saramago era muito bem-humorado. Não mudei significativamente o meu juízo, não deixando porém de lhe reconhecer virtudes, nomeadamente a lucidez, capacidade de trabalho e ritmo de vida que mantinha apesar dos mais de oitenta anos de idade. Apreciei no entanto, ver alguns rasgos de humildade e alguma sensibilidade emocional da sua parte, que o humanizavam por detrás daquele ar firme.
Do filme propriamente dito, gostei do acompanhamento feito àquele período da vida de “José e Pilar”, em que urgia viver quanto mais não fosse pela existência de um projecto inacabado. Gostei de conhecer um bocadinho mais do homem de uma forma que me pareceu bastante genuína e sem encenações. A realização é feliz por ser pouco interventiva e deixar a história fluir.

5 de setembro de 2011

Freddie Mercury


Quem utiliza diariamente a internet e o Google, já deve ter reparado que o doodle de hoje é dedicado a Freddie Mercury, por ser o dia do 65º aniversário. Se bem me lembro, a primeira vez que o vi, devia ter eu uns 6 ou 7 anos, foi num clip onde aparecia no palco a saltar com uma t-shirt de alças e o suporte do microfone na mão, se não me engano em Wembley, ou seja a sua imagem de marca no seu concerto mais emblemático. Nessa altura não suspeitava sequer que aquele indivíduo de bigode se tornaria na referência musical que tornou, até para mim próprio. Mais tarde acabei mesmo por adquirir o DVD desse mítico concerto.
Lamentavelmente, desapareceu cedo demais quando ainda poderia ter dado muito mais de si à música, não sem antes deixar para a eternidade algumas das melhores obras alguma vez feitas. Não só, mas também com os QUEEN aprendi a gostar e a interessar-me pela música, graças às suas letras, à voz do Freddie Mercury e à guitarra do Brian May.
Aqui fica a sugestão de um “Innuendo”, uma das minhas preferidas e também um clip do concerto que me proporcionou a minha primeira memória do tal Farrokh Bulsara que o mundo conheceu como Freddie Mercury.

Queen - Innuendo

Queen - Bohemian Rhapsody

4 de setembro de 2011

A malta!

Ontem uma das melhores amigas casou-se, sendo portanto, imperativa a minha presença, da minha esposa e também, a da restante malta do grupo que durante cinco anos fez parte da mesma turma. Fiquei obviamente contente por assistir ao casamento, por ver que ela e o seu esposo estavam felizes e que tudo correu muito bem.
Ultimamente, por via das vidas de cada um e das suas circunstâncias, não nos temos encontrado muito, aliás penso que este ano ainda nem nos tínhamos reunido, portanto ontem foi mesmo um dia em grande. Ao longo dos últimos onze ou doze anos estes meus amigos têm feito parte da minha vida de uma forma regular, sem nunca me cansar de os ver ou de estar com eles. Ontem mais uma vez isso não foi excepção, pude desfrutar da sua companhia, das conversas mais sérias, das menos sérias, das piadas, das brincadeiras, ao fim ao cabo de todos aqueles momentos a que me habituei e que de vez em quando sinto saudades. 
É por dias como ontem e por dias como os muitos que partilhámos ao longo das nossas vidas académicas e pós-académicas, que sinto que sou um privilegiado por ter tido a sua companhia em todos os momentos fáceis e difíceis (e não foram poucos), e me terem aturado sem nunca me virarem as costas. Frequentemente oiço alguém dizer que tem "poucos amigos mas bons" e é nestas alturas que reparo na sorte que tenho, eu tenho muitos e bons.

2 de setembro de 2011

31


Hoje faço anos, 31. Já começam a ser bué. Num pequeno exercício de memória tentei recordar algumas coisas que aconteceram nos meus aniversários anteriores e curiosamente revelou-se mais difícil do que inicialmente pensava, ter recordações claras do que realmente aconteceu e em que datas concretas.
O meu quarto aniversário é o mais distante de que tenho memórias, ainda que poucas. Os meus pais têm uma fotografia pendurada numa parede lá de casa tirada nesse dia, momento esse que tenho claramente presente. No mesmo dia fazia anos também uma senhora que cumpriu a sua centésima primavera. O Presidente da República, Ramalho Eanes, visitou São Jorge, pegou-me ao colo (privilégio que a dita senhora não teve) e deu-me os parabéns, pelo menos é o que me contam.
Lembro-me de fazer seis anos, receber o meu primeiro equipamento do SLB com o número 6 nas costas, habitualmente usado pelo Carlos Manuel. Essa tarde foi passada a jogar à bola vestido a rigor. O meu sétimo aniversário foi passado a recuperar de uma fractura no pé esquerdo, portanto não houve grande brincadeira.
Na adolescência recordo 2 ou 3 aniversários seguidos passados de cama, doente, uma forma muito pouco divertida de celebrar o dia. Com quinze anos fui pela primeira vez a uma discoteca, a Kyay. A abertura da pista foi feita ao som de uma música índia (está bem escrito, não é indiana), acompanhada de flashes de luzes e lasers. Foi uma noite bem passada, todavia não fiquei grande fã daquele ambiente.
Os dezoito anos, essa idade marcante, foram comemorados a estudar para o exame de matemática da segunda fase do 12º ano. Digamos que esse dia não só mas também por isso, não me traz assim tão boas memórias. Os vinte e um anos, esses sim foram muito bem celebrados com uma grande almoçarada em casa dos meus pais com a família e alguns dos meus amigos mais próximos.
No dia em que fiz 25 anos passei o dia com os meus primos e alguns amigos, à tarde fomos andar de Kart, mesmo depois de dias antes me ter metido na traseira de um reboque de um tractor em pleno Alentejo e ainda andar um bocado dorido. Jantámos em Leiria e fomos para a borga para Alcobaça, até às tantas da manhã.
O ano passado, a trintena, já prestes a ser pai, o dia foi bem mais calmo, passado a trabalhar, finalizando com um jantar com os meus pais, esposa e tios.
Este ano não sei como será, não quero fazer grandes planos, nem elevar as expectativas. Tirei o dia de férias e o resto será como tiver de ser, apenas quero que o jantar seja em família. Os presentes são o que menos importa, não querendo contudo que se esqueçam de mim, não é preciso é gastarem muito dinheiro.
Tal como a maioria das pessoas, embora alguns se armem e difíceis e não queiram admitir, gosto de celebrar o meu aniversário, mesmo tendo de ouvir “hoje és bebé”, “hoje és pequenino”, “hoje és criança” (coisas que detesto, mas detesto mesmo!), “estás a ficar velho”, “cota” (estas já não me incomodam muito), and so on and so on… Gosto também de receber os parabéns daqueles amigos verdadeiros, mesmo que tenham de por a data na agenda para não se esquecerem de mandar um sms ou fazer um telefonema e andem para ali a enrolar só para não desligar logo por não terem muito mais assunto do que “Parabéns”.

1 de setembro de 2011

Porquê Ricardo Carvalho?


Foi com enorme surpresa e desagrado que ouvi ontem a notícia de que o Ricardo Carvalho tinha abandonado o estágio da selecção, a poucas horas da partida para o Chipre, para disputar mais um jogo de apuramento para o Europeu de 2012. A opinião que formei do dito jogador ao longo da sua carreira não me faria esperar uma atitude destas.
De acordo com o responsável da FPF, Amândio Carvalho, apenas deram pela falta do jogador à hora de almoço quando ele não compareceu à hora prevista. Dito desta maneira a história parece mal contada, será que só repararam que faltava alguém quando sobrou um bife na travessa? O colega de quarto não o viu arrumar a trouxa? Ninguém no hotel o viu sair, nem sequer um dos não-sei-quantos membros da comitiva? Não confessou as suas intenções a ninguém e saiu sem mais nem menos, no carro do Fábio Coentrão, só porque lhe deu na telha?
Independentemente dos motivos, a atitude tomada pelo Ricardo Carvalho é na minha opinião incorrecta, pois as suas responsabilidades perante a selecção impunham que tivesse de tolerar alguma injustiça a que eventualmente tenha sido sujeito, em benefício da estabilidade do grupo e do respeito que as cores do país lhe merecem. Cada vez que um jogador veste a camisola nacional representa a pátria e os seus interesses, mais importantes que os egos.
Lamento que o Ricardo Carvalho tenha saído da selecção pela porta pequena, a sua carreira brilhante merecia um abandono mais condizente, quiçá como campeão europeu. Contudo no futebol não há insubstituíveis, se o Eusébio abandonou o futebol e continuámos a ter selecção, não será pelo Ricardo Carvalho que o seu futuro fica comprometido.