30 de agosto de 2011

TAC à tola


Por andar frequentemente com cefaleias o meu médico de família aconselhou-me fazer uma tomografia axial computorizada crânio-encefálica, ou seja, por ter muitas dores de cabeça o médico mandou-me fazer uma TAC à tola.
Ontem fui buscar o resultado do exame e não tenho nenhuma porcaria na cabeça, ou pelo menos não tenho nenhuma porcaria, sinónimo de doença. Não é que estivesse muito preocupado, talvez pelo meu optimismo estar mais desenvolvido nestes últimos anos. Sossegou-me ainda o facto da linha-da-vida da palma da minha mão ter um comprimento a perder de vista, prolongando-se talvez até ao pescoço.
Todavia ontem enquanto me dirigia para o hospital para ir buscar o relatório, comecei a fazer suposições tipo, "E se afinal tiver uma coisa qualquer grave", "E se a tal coisa grave for mesmo fatal". Em boa verdade, "o medo da morte é uma coisa que a mim não assiste", já o medo de sofrer para morrer não é bem assim, este confesso que me "assiste" um bocado! O que me assusta não é sofrer os últimos cinco minutos, mas sim os últimos cinco anos agarrado a uma cama com dores e limitado física ou mentalmente. 
Para além disso, neste momento tenho mesmo muita coisa a que me agarrar, a minha filha, esposa, pais e amigos. Faço ainda muita falta à minha filha, ela precisa do pai para estar ao lado dela e lutar por ela, quero acompanhá-la no seu crescimento, ver as suas gracinhas, conquistas, descobertas e tantas coisas mais. Aos restantes, principalmente, à minha amada e aos meus pais, também haverei de fazer alguma falta por ser parte da vida deles. 
Sem muito mais tempo para devaneios lá cheguei ao parque de estacionamento e fui buscar o dito relatório, como a imaginação me fez ficar ansioso, assim que voltei a sentar-me ao volante abri o envelope que entre belas imagens do interior da minha cabeça, relatava estar tudo normal.

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