21 de agosto de 2012

Comércio tradicional


No fim-de-semana desloquei-me ao centro de Leiria para ir a uma livraria, da qual gosto particularmente, e que me habituei a frequentar umas vezes para comprar, outras apenas para ver o que por ali há de novidades. Desta vez ia com o objectivo de comprar um livro específico.
Chegado lá, procurei nas prateleiras pelo dito livro, dei uma ou duas voltas ao espaço e nada. Perguntei à senhora da caixa que mo ajudou a encontrar, peguei nele, meti-o debaixo do braço e continuei a ver as prateleiras com aqueles livros todos, que me dão um prazer especial de admirar. Agrada-me ver as capas, umas mais outras menos coloridas, que escondem histórias e relatos, alguns deles despertando-me bastante a curiosidade pelo título sugestivo, outras por já ter ouvido falar nos autores ou nas suas obras, outras ainda por a capa ser simplesmente cativante. Acho que se fosse mais abastado e tivesse mais tempo não me chegava um carro de compras de supermercado para trazer os livros que me seduzem nas livrarias.
A certa altura lembrei-me de procurar um ou outro livro que tinha arquivado na mente, na secção dos “a ler um dia”. Não os encontrei. Um, outro e mais outro e nada. Saídos de lá, comentei com a minha cara-metade que aquela livraria estava a perder o fulgor que lhe conheci. Estava menos apetrechada e essa condição parece-me uma inevitabilidade, considerando que a concorrência a este tipo de lojas é feroz. Os dois maiores grupos vendedores de livros ao cliente final que conheço, estão instalados na cidade mais exactamente no recente centro comercial.
Tenho para mim que esta famigerada crise também resulta (para além dos outros milhares de razões que todas as cabeças apontam) da multiplicação de “shoppings”, grandes superfícies, hipermercados, franchisings e o diabo-a-quatro. Se sou cliente dessas locais? É claro que sou e reconheço que gosto de frequentar alguns deles, no entanto considero que estão a matar o comércio tradicional aos poucos.
O comércio tradicional é fundamental para a economia, porque a ajuda a suportar em grande parte, graças às receitas e emprego que gera. Esse emprego contrariamente às grandes superfícies é mais disperso e mais abrangente, visto que as grandes superfícies tendem a centrar recursos e infra-estruturas. Mas o que me chateia mesmo é que algumas dessas grandes superfícies obtenham financiamentos e ajudas, por parte do estado, sob pretexto da criação de empregos, quando em determinados casos isso é feito à custa do aumento de desemprego noutros locais.
Há alguns anos uma marca sueca de mobiliário recebeu ajudas públicas para a instalação de uma fábrica no norte do país. Essa fábrica desenvolveu uma região, com milhares postos de trabalho e o governo terá papagueado uma descomunal riqueza para o país. Será que contabilizou a perda de postos de trabalho de milhares de pequenos fabricantes e casas de venda de mobiliário espalhados por todo o país, que faliram, sem nunca terem recebido um tostão de incentivo?
Gosto de ir a um hipermercado com filas e filas de artigos para tudo e mais alguma coisa, onde acabo por comprar tudo o que preciso e também tudo o que não preciso, contudo tenho saudades de ir à loja do “T’Manel” que como pequena mercearia que era, tinha tudo o que me fazia falta na altura (gelados, bolos, bolachas e chocolates) mas também o que fazia falta aos meus pais (comida a sério e outros bens necessários). Era um mini-hipermercado à maneira!

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