22 de agosto de 2012

Restauro


Segundo rezava hoje um dos noticiários da hora de almoço, uma senhora de 80 anos decidiu por sua própria iniciativa restaurar um fresco de uma igreja em Borja, perto de Saragoça. Pelo relato a senhora não contente com o estado de degradação da obra do século XIX, empenhou toda a sua boa vontade cristã e dedicou o seu tempo a reabilitar a pintura a seu gosto. Como pode ser observado na foto do antes e depois do restauro, a obra de arte ganhou uma nova vida.
Os peritos na matéria, aliás, os peritos no estilo de restauro mais comumente aceite, afirmam que será necessário descobrir o tipo de materiais utilizados para eventualmente proceder à recuperação do fresco, que se arrisca a estar irremediavelmente perdido.
Desconheço a inspiração da senhora, mas penso que será um sujeito inglês, alto, de ar estranho e meio desengonçado, de nome Mr. Bean, que num dos seus filmes teve a mesma ideia brilhante no quadro “Whistler’s mother”. A diferença é que aí a coisa não era a sério, o quadro continua intacto e exposto no Museu d’Orsay em Paris.
Assumo sem ironias, que fico genuinamente sensibilizado pela boa vontade desta fiel religiosa, independentemente do resultado não ser o mais apreciado pela restante comunidade. E se se analisar em pormenor o seu trabalho, há ali talento escondido. As imperfeições de restauro podem, na minha modesta opinião, estar associadas à falta de qualidade ou desadequação dos materiais, por exemplo a grossura do pincel. 

Antes e depois do restauro (clix.visao.pt)

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