20 de agosto de 2012

Brinquedo novo


Habitualmente ando com o cabelo curto, incomoda-me ter a guedelha grande. Quando vou ao barbeiro, peço-lhe o corte do costume, pente 2, assim garanto que o cabelo não me tapa a vista e que depois do duche seca em menos de um fósforo, poupando tempo e trabalho.
Há duas ou três semanas, comprei uma máquina para cortar o cabelo num hipermercado, naquelas promoções que são publicitadas nos folhetos que nos entopem as caixas de correio. À primeira vista pareceu-me uma excelente solução, o preço era amortizado em três cortes, ou seja, bom investimento garantido. Por muito má que fosse a engenhoca mal correria se não durasse esses três cortes.
Comprado o equipamento, abri a caixa logo que cheguei a casa, porque isto de comprar coisas novas (e não me considero um consumista) tem em mim um efeito semelhante ao que os brinquedos provocam nos miúdos, fico com um formigueiro na ponta dos dedos que só passa com o abrir da embalagem. Mirei a máquina, os acessórios, o livro de instruções e pronto, estava visto. Como não precisava de cortar o cabelo tive uma ideia genial, que tal cortar a barba! Se gosto de andar com o cabelo curto, com a barba passa-se exactamente o oposto, apenas vê a lâmina uma vez por semana e porque a comichão que ela provoca a determinada altura a isso obriga.
Peguei naquilo e comecei a passar a lâmina da máquina pela cara para ver se servia também para esse fim. O resultado não foi o esperado, não sei se por não ser adequada a esse propósito, se por ser um homem de barba muito rija ou outro qualquer motivo, certo é que não notei grande diferença. Não satisfeito com o primeiro teste, passei aquilo no antebraço esquerdo, o resultado foi imediato, um risco de pele lisa e sem pelos contrastando com o resto. Agora sim, já podia limpar e arrumar o equipamento, que ele já tinha dado provas!
Este fim-de-semana chegou a hora do grande teste, um corte de cabelo à séria. Antes do grande evento, alinhei o equipamento, confirmei os acessórios para por o pente certo, não fosse enganar-me e cortar mais do que queria, uma última verificação do livro de instruções e… iniciam-se as operações.
Logo que meti a máquina à cabeça fiquei com a sensação de que a intervenção iria ser ligeiramente mais complicada do que pensara inicialmente, o manuseamento da geringonça não confirmava a agilidade que aparentava o boneco da figura no livro de instruções.
Passados cinco minutos, já tinha perdido o sentimento de haver feito o melhor investimento do mundo. Tinha dificuldade em chegar a determinados locais, não conseguia ver ao espelho como é que me estava a safar na zona da nuca, estava afogado num mar de cabelos triturados que se metiam por todo o lado e deixavam uma comichão chata como o caraças. Resisti, mas acabei por chamar a minha esposa para me dar uma mãozinha no desbaste do tufo “meio lavrado” que permanecia no alto da moleirinha. Findo o trabalho, as conclusões tiradas eram um bocado diferentes do que pressupunha, cortar o cabelo à própria cabeça é uma tarefa difícil e chata. 

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