No fim-de-semana
desloquei-me ao centro de Leiria para ir a uma livraria, da qual gosto
particularmente, e que me habituei a frequentar umas vezes para comprar, outras
apenas para ver o que por ali há de novidades. Desta vez ia com o objectivo de
comprar um livro específico.
Chegado lá, procurei
nas prateleiras pelo dito livro, dei uma ou duas voltas ao espaço e nada.
Perguntei à senhora da caixa que mo ajudou a encontrar, peguei nele, meti-o
debaixo do braço e continuei a ver as prateleiras com aqueles livros todos, que
me dão um prazer especial de admirar. Agrada-me ver as capas, umas mais outras
menos coloridas, que escondem histórias e relatos, alguns deles despertando-me
bastante a curiosidade pelo título sugestivo, outras por já ter ouvido falar
nos autores ou nas suas obras, outras ainda por a capa ser simplesmente
cativante. Acho que se fosse mais abastado e tivesse mais tempo não me chegava
um carro de compras de supermercado para trazer os livros que me seduzem nas
livrarias.
A certa altura
lembrei-me de procurar um ou outro livro que tinha arquivado na mente, na
secção dos “a ler um dia”. Não os encontrei. Um, outro e mais outro e nada.
Saídos de lá, comentei com a minha cara-metade que aquela livraria estava a
perder o fulgor que lhe conheci. Estava menos apetrechada e essa condição
parece-me uma inevitabilidade, considerando que a concorrência a este tipo de
lojas é feroz. Os dois maiores grupos vendedores de livros ao cliente final que
conheço, estão instalados na cidade mais exactamente no recente centro
comercial.
Tenho para mim que
esta famigerada crise também resulta (para além dos outros milhares de razões
que todas as cabeças apontam) da multiplicação de “shoppings”, grandes
superfícies, hipermercados, franchisings e o diabo-a-quatro. Se sou cliente
dessas locais? É claro que sou e reconheço que gosto de frequentar alguns
deles, no entanto considero que estão a matar o comércio tradicional aos poucos.
O comércio
tradicional é fundamental para a economia, porque a ajuda a suportar em grande
parte, graças às receitas e emprego que gera. Esse emprego contrariamente às
grandes superfícies é mais disperso e mais abrangente, visto que as grandes superfícies
tendem a centrar recursos e infra-estruturas. Mas o que me chateia mesmo é que
algumas dessas grandes superfícies obtenham financiamentos e ajudas, por parte
do estado, sob pretexto da criação de empregos, quando em determinados casos isso
é feito à custa do aumento de desemprego noutros locais.
Há alguns anos uma
marca sueca de mobiliário recebeu ajudas públicas para a instalação de uma
fábrica no norte do país. Essa fábrica desenvolveu uma região, com milhares
postos de trabalho e o governo terá papagueado uma descomunal riqueza para o
país. Será que contabilizou a perda de postos de trabalho de milhares de
pequenos fabricantes e casas de venda de mobiliário espalhados por todo o país,
que faliram, sem nunca terem recebido um tostão de incentivo?
Gosto de ir a um
hipermercado com filas e filas de artigos para tudo e mais alguma coisa, onde
acabo por comprar tudo o que preciso e também tudo o que não preciso, contudo
tenho saudades de ir à loja do “T’Manel” que como pequena mercearia que era,
tinha tudo o que me fazia falta na altura (gelados, bolos, bolachas e
chocolates) mas também o que fazia falta aos meus pais (comida a sério e outros
bens necessários). Era um mini-hipermercado à maneira!
Sem comentários:
Enviar um comentário