Não será certamente por acaso que o inferno é descrito como um local em chamas. De todas as catástrofes possíveis, o fogo é provavelmente a que maiores aflições provoca. A minha avó paterna dizia que "um ladrão escolhe o que rouba, o fogo não escolhe, queima o que lhe aparece à frente".
As imagens que tenho visto dos incêndios nos últimos dias, são aterradoras e assustam-me profundamente, mesmo não vivendo em nenhum dos locais afectados. Os incêndios são muito mais nefastos do que se pode imaginar à primeira vista. As áreas ardidas, tornam os seus terrenos mais vulneráveis a inundações e deslizamentos de terras. As chuvas arrastam poluentes para as águas em profundidade. A atmosfera fica poluída, aumenta a concentração de dióxido de carbono e o efeito de estufa. Diminui a capacidade de absorção do dióxido de carbono pela ausência de vegetação. Estes são apenas uma parte dos efeitos ambientais.
A riqueza do país é comprometida a vários níveis, quer pela perda de recursos naturais, quer pela utilização dos meios de combate e destruição de bens, públicos e privados.
E o que muda de ano para ano? Nada. Pura e simplesmente, nada!
Pessoalmente, penso que um incendiário deveria ser punido com uma pena equivalente à de um homicídio, pela brutalidade dos danos que provoca. Sou genericamente contra penas suspensas, amnistias e reduções de penas, e neste caso essa opinião não é alvo de qualquer dúvida.
Quanto à prevenção, acho que há muitíssimo por fazer, a começar pela limpeza das matas. A legislação que existe é clara, obriga a limpar terrenos, mas não é cumprida.
Havendo presos nas prisões, sem fazer rigorosamente nada para se reabilitar ou para compensar o estado pela despesa que dão, deveriam ser eles os primeiros a começar com o trabalho de limpeza florestal.
O exército também deveria ter um papel mais activo nestas situações, pelos meios (por muito poucos que sejam) e pelo treino que têm (ou deveriam ter, para estas situações).
Há ainda outra situação, mais falada ultimamente, que tem a ver com a colocação de alguns beneficiários do fundo de desemprego ou do rendimento social de inserção (se é que ainda mantém este nome), a executar as tarefas de limpeza e vigilância de matas.
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