Depois de pegar no
saco com o pão, dirigi-me à caixa que me pareceu mais rápida e aguardei a minha
vez. Imediatamente à minha frente estava uma senhora (inferi que fosse uma
senhora pelo tórax proeminente e pela aliança que carregava no anelar esquerdo,
não pela atitude) que lia pacatamente o folheto publicitário do supermercado.
As duas pessoas à sua frente foram avançando e a dita senhora não arredou pé.
O peso que eu
carregava não era muito, não me causando grande transtorno pela falta de espaço
para apoiar as compras, por via desta barreira humana. Entretanto, um senhor de
idade avançada chegou atrás de mim com uma embalagem de 4 garrafas de 1,5 litros
nos braços. Embora a passadeira avançasse, ninguém acompanhou o movimento.
Perante esta atitude, e com espaço livre à frente da indiferente cliente,
ofereci-me para carregar as garrafas ao senhor, coisa que ele simpaticamente
recusou. Ninguém se mexeu.
Quando a cliente que a
antecedia acabou de pagar, a “atenciosa” cliente pousou finalmente o panfleto,
moveu-se até junto da caixa e permitiu assim que 3 cliente pousassem as suas
compras no transportador! A funcionária da caixa passou os seus 5 ou 6 artigos
no leitor óptico e à última passagem, a cliente pediu um saco para as compras!
Enquanto lhe era apresentada a conta, arrumou vagarosamente tudo no saco, sacou
da nota e pagou, tombando simultaneamente o que lá estava dentro, o que
implicou nova árdua tarefa de compor tudo o que já havia sido arrumado.
Enquanto o meu saco
de pão era passado no leitor óptico e dado para a mão directamente pela
funcionária da caixa, por no espaço estar estacionada uma bendita cliente a
arrumar o troco, paguei a minha despesa. Quando me preparava para sair, tive de
fazer um pequeno compasso de espera, para que a senhora questionasse a pequena
criança que a acompanhava sobre a vontade de receber um par de estalos para o
caminho. A criança recusou.
Finalmente, consegui sair
do espaço comercial plenamente convencido de que ainda existem pessoas que
encaram o civismo e respeito pelo próximo como um fenómeno paranormal.
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