Maritime Nocturno |
“Escrever sobre arte
é como dançar sobre arquitectura”, esta é uma opinião da qual eu não discordo
mas também não concordo em absoluto, senão nem faria sentido publicar esta
crónica. A minha concordância com a ideia vai no sentido de achar que não é
necessariamente imperativo perceber de arte para se gostar ou não e ter a
legitimidade para manifestar opinião.
Foi esta semana
leiloado um quadro cujo título é “Maritime nocturno” pintado em 1913 por um
jovem austríaco de 23 anos cuja veia artística lhe desconhecia. Esse indivíduo não seguiu, infelizmente, essa profissão ou pelo menos não exclusivamente, como
o mundo desejaria. O autor da obra, agora vendida por 32 000€, dispensa
apresentações por ser nem mais nem menos que Adolf Hitler.
Não sendo um dos meus
quadros preferidos, até acabo por considerar uma obra do meu agrado. Apenas vi
a referida pintura após saber o seu autor e no entanto, até para mim próprio
intimamente, foi algo difícil conseguir apreciá-la dissociando-a do autor. Ao
olhar para a pintura, como que pairava no ar aquele fantasma da mão do tirano.
A certa altura parei um pouco para pensar e concluir que há também muitos
outros artistas, como é o caso de músicos, com quem não simpatizo minimamente (sendo
obviamente incomparável o grau de antipatia) e no entanto gosto da sua música.
Li alguns comentários
em relação ao quadro, a maioria deles dizendo que deveria ser destruído, pois
bem, eu discordo completamente, pois a obra de arte deve ser apreciada por si, independentemente do autor.
Ah se destruíssemos todos os quadros ou obras de pessoas que fizeram mal... quantas sobrariam? Arte por arte, 132 milhões de dólares por "O Grito", que eu não dependuraria na minha sala, é um exagero. E o que dizer de Beigeschwarz, de Peter Brüning? É... pena que não ficou na pintura!...
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