19 de fevereiro de 2012

Carnaval



A memória mais antiga que tenho do Carnaval remonta à primeira classe quando um colega disse que ia mascarado de menina, ao que eu respondi:
“- Então és maricas!
- Não sou não, é só a minha máscara de Carnaval! – Replicou ele.
- Se te vestes de menina és maricas, mesmo no Carnaval – Concluí.
A professora ouviu e repreendeu-me dizendo.
- Vê-se mesmo que vives numa aldeia. As pessoas da aldeia é que falam dessa maneira!”
Na altura fiquei um bocado sem saber o que quereria dizer, mas parece-me que me estava a chamar preconceituoso. Ainda não consigo perceber muito bem qual é a obsessão carnavalesca de quase todos os homens se mascararem pelo menos uma vez na vida, senão todos os anos, de mulher, no entanto já não tenho 6 anos e sei que não são maricas, sem ofensa aos que são.
Em boa verdade o Carnaval é daquelas épocas que não me agrada particularmente, ainda para mais, com seu “abrasileiramento” que considero ser completamente despropositado. No Brasil é Verão, portanto é normal que as moçoilas andem todas descascadas... porque faz calor, e isso sim é enquadrado com a realidade deles. Cá fazem 0ºC de manhã porque estamos em Fevereiro e é Inverno, o que faz com que moçoilas descascadas, por mais bem-parecidas que sejam, se tornem patéticas.
Não é minha intenção desencoraja-las, apenas quero transmitir o que a minha lógica me indica.
Outra coisa que me desagrada é festejar-mos o Carnaval como se fossem marchas populares, em que todos levam a mesma fatiota (ou bikini) como se uma parada se tratasse (à brasileira). O nosso Carnaval não era assim antigamente, era cada um por si ou em pequenos grupos, apelando à sua criatividade mais íntima e ao mais fundo do velho baú lá de casa à procura do “fato” mais cómico-saloio que conseguisse. Assim era a nossa tradição e a este acho uma certa piada.
O meu pai era um desse grandes criativos, até à minha avó ter falecido nesta época do ano, ganhando quase sempre um honroso prémio no baile de Carnaval de São Jorge. De Índio (quase nú) a ardina tudo lhe servia para sair vencedor, pois encarnava de tal forma a personagem, preparada quase sempre à última hora, que era difícil não votarem nele.
Eu não sou muito dado a Carnavais e as poucas vezes que participei em idade adulta foi por me sentir mesmo muito motivado para tal e alinhando sempre na rambóia, com outros companheiros de farra.
A última vez que participei e ganhei também eu gloriosa competição do “Baile de Carnaval de São Jorge” foi há uns 7 ou 8 anos, conjuntamente com um primo meu. Eu ia mascarado de empresário da borda-da-estrada, vulgo “chulo” (ver foto) e ele de minha colaboradora, vulgo “prostituta”. Nessa noite encarnámos de tal maneira a personagem que depois da vitória ainda fomos “obrigados” pela organização a (tentar) dançar a valsa.

2 comentários:

  1. Que bela foto!
    Devias mostrar o belo do anel.

    Carla

    ResponderEliminar
  2. O anel é uma valiosa relíquia. Não convém mostrar por questões de segurança.

    ResponderEliminar