13 de fevereiro de 2013

Bento XVI, o Sensato

 Alessandro Di Meo

Para mim, será muito difícil ver algum Papa que me faça nutrir por si a simpatia e admiração que tinha por João Paulo II, por achar que era uma figura verdadeiramente carismática e fiel aos requisitos que eu considero serem necessários para essa missão. Posto isto, e já o disse aqui, posso afirmar que nunca simpatizei com o Cardeal Joseph Ratzinger, Papa Bento XVI. 
Quando anteontem o meu operador de telemóvel, teve a amabilidade de me informar por SMS que o Papa iria abdicar do cargo (palavras deles), fiquei surpreendido, até porque pensei que falavam de Pinto da Costa e esse parece-me que não sai de lá tão depressa. Quando vi que se referiam mesmo ao verdadeiro, o Bento, a surpresa não foi menor.
A minha interpretação da sua resignação não é a de um acto de coragem ou de cobardia, é a de uma realidade invulgar, que não acontecia há mais de 600 anos, e que até é benéfica para a igreja. Na altura em que o Papa João Paulo II se arrastou até ao fim dos seus dias sem abdicar, admirei-o pela resistência, perseverança, pela superação perante as dificuldades e espírito de sacrifício, mas achei que teria sido melhor ter abdicado, ainda que nos tenha dado um exemplo notável.
No caso de Bento XVI, que me parece ficar na história por uma ou outra vaidade e pela resignação, acho que nos deixa outro exemplo também ele valioso, a sensatez em assumir que já não tinha capacidades físicas para desempenhar as funções que a missão lhe exige. A Igreja católica é muitas vezes, justa e injustamente, acusada de não evoluir e este caso parece-me ser um sinal de evolução louvável e de uma oportunidade de renovação.
Quanto à fotografia do raio a atingir a Catedral de São Pedro, interpretada pelo autor como uma manifestação de desagrado por parte de Deus, acho que é um belo momento fotográfico e apenas isso. As conclusões e interpretações sobre a vontade de Deus não me parece estarem ao nosso alcance. 

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