16 de outubro de 2012

O abismo está próximo


Há muito tempo que perdi a pouca esperança que tive neste governo e ainda nem meio do mandato passou. Já por muitas ocasiões tive receio do futuro, do meu e do dos meus, mas nunca da forma como tenho hoje. Acho que mais  que o dinheiro, a vontade de continuar a trabalhar, a motivação, a crença na possibilidade de darmos a volta por cima, este (e o anterior governo) roubou-nos a esperança.
Não me sinto mergulhado numa desilusão apática, pelo contrário, cada vez mais me revolta ver a corja laranja, rosa, vermelha, azul e amarela, sem excepção, a fazer-se passar por salvadora da pátria que esgota os esforços para nos livrar da desgraça ou a reclamar do mal que os outros fizeram, quando se sabe que a assembleia tresanda ao podre compadrio.
Ontem, apresentaram um orçamento de estado que é um insulto aos que trabalham e aos que não trabalham porque não os deixam. Vêm pedir esforços a quem já mal consegue sobreviver, eles que este ano não abdicaram de 80€  mensais de aumento para estarem na assembleia “a representar-nos”, eles que não param de criar regimes de excepção para a mama não se acabar aos afilhados. Todos os dias a comunicação social revela os mais impressionantes cambalachos e arranjinhos que lhes rendem milhões e ainda nos vêm pedir com o maior descaramento que confiemos neles!
Alguém me explica como é que a maioria de nós vai sobreviver em 2013 e em que condições?
Ou muito me engano ou está a colocar-se o povo num estado em que já tem pouco a perder e quando se atingir o limite desse estado, as coisas descambam para uma situação onde os responsáveis se arriscam a pagar um preço muito alto. Ontem o cerco à assembleia já não foi uma mera manifestação pacífica, daqui para a frente parece-me que essa será a tendência. Depois não venham apelar à calma armados em cidadãos civilizados, ou acusar os comunas de incentivar a violência.

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