26 de julho de 2011

Terra queimada


Estamos no final de Julho e finalmente as temperaturas começam a subir. Este ano parece que o Verão andou envergonhado, porém nos últimos dias começou a dar um ar da sua graça, para grande alívio e satisfação da malta que já está a disfrutar das férias.
Com essa subida de meia dúzia degraus, regressaram em força os incêndios que já fazem parte da mobília. Não há ano nenhum em que a subida de temperatura não traga consigo centenas de hectares de área ardia. As televisões até já arranjaram uma unidade de medida própria adequada, chama-se “equivalente a campo de futebol”. Cada fogo de grandes dimensões merece sempre a respectiva conversão para esta unidade. Parece que não sabemos viver o Verão sem o odor a fumo, o cinzento no horizonte e as fagulhas no ar.
Desde que me lembro de ser gente que não há ano nenhum em que o Verão não tenha sido sempre bem recheado de incêndios e por incrível que pareça, até hoje a única coisa que muda é o local onde ocorrem, isto porque se no ano passado ardeu uma mata, ela não pode voltar a arder no ano seguinte, quando muito tem de ser esperar uns bons pares de anos até o mato ser reposto, digo mato porque quando se trata de pinhal ou outro tipo de árvores não chegam umas boas dezenas de anos. 
Não querendo ser demagogo, até porque me arrisco a cometer algum erro, parece-me que já era hora de deixarmos de subcontratar serviços de aviação aérea pesada e adquirirmos os meios suficientes para sermos mais eficazes na resposta a estas tragédias anuais. Nas últimas décadas comprámos uma série de "brinquedos" que não ponho em causa a utilidade e necessidade, mas nunca houveram fundos suficientes para nos apetrecharmos convenientemente desses Canadairs e afins. 
Não seria já hora de ser definida uma política de protecção florestal eficaz, acompanhada de meios porventura militares especializados mais extensos, para além dos já existentes GIPS? A tropa tem uma série de áreas de especialidade, não caberia lá também uma área de intervenção florestal?! Além dessas medidas, parece-me ser também importante penalizar a sério com penas duras e efectivas quem comete crimes contra recursos naturais e patrimoniais de toda a sociedade.
Enraivece-me ver anualmente ser queimada a riqueza nacional, aniquilada a fauna e flora, acentuada a erosão dos solos, contaminação das águas e lançadas para a atmosfera milhares de toneladas de poluentes. 
Já era altura de se descruzarem alguns braços!

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