Se há coisa que acho dever ser
preservada acima de tudo, é o direito à privacidade. Cada pessoa tem, na minha
opinião, o direito a guardar para si tudo o que diz respeito à sua intimidade e revelar ou expor apenas aquilo que pretender, sendo essa decisão sua e de
mais ninguém.
No caso das figuras públicas,
esta liberdade é muito complicada de aceitar pela maioria das pessoas que
anseiam por coscuvilhices e ainda mais pelos média, cujo expoente máximo desta
actividade são as “revistas cor-de-rosa”. É bem certo que algumas figuras
públicas só o são porque alimentam e se alimentam dessa exposição, portanto se
não fossem estas revistas seriam uns anónimos quaisquer, com vidas tão banais
como o comum dos mortais. Aliás parece-me que a maioria deles já tem mesmo essa
vidinha desinteressante e oca, embora se queiram fazer passar por muito
importantes.
A invasão da vida privada, seja
de figuras públicas ou não, incomoda-me mais ainda quando se trata do
aproveitamento da desgraça alheia, por isso ontem não gostei nada de ver a espera que fizeram à actriz Sónia Brazão com o intuito de serem os primeiros a captar a sua fragilizada imagem. Para alguém que depende muito da imagem para arranjar trabalho, como é o caso dos actores, deve ser uma sensação terrível ter de mostrar ao mundo daquela maneira, ainda para mais num momento onde a paciência para este tipo de invasões deve ser nula.
Mas não é só por cá que este tipo de "jornalismo" ganha terreno, os ingleses debatem-se neste momento com uma crise política, devido a escutas feitas por um jornal, a várias pessoas, muitas delas vítimas das mais variadas tragédias.
É claro, que estes jornais só vendem porque têm quem os compre, mas acho que deve ser feito algo para impor algumas regras, que sei serem muito complicadas de definir, de forma a que estes abutres não devassem a vida de quem bem entendem. O jornalismo deve ser exercido de forma livre e independente, mas isso não lhe dá o direito de explorar as desgraças e o sofrimento de quem não está disponível para as partilhar.
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