13 de abril de 2012

O último tabu

Foi ontem posto à venda em França um livro, “O último tabu, revelações sobre a saúde dos presidentes” de Denis Demonpion e Laurent Léger, que expõe alguns segredos dos presidentes franceses. Uma das revelações está relacionada com a morte de François Mitterrand, contrariando a versão de que terá falecido após anos de luta contra um cancro. A versão que o livro aponta não refuta que Mitterrand sofresse de cancro em fase terminal, no entanto refere que o antigo presidente foi “ajudado a morrer”, ou seja, foi praticada a eutanásia.
Segundo o livro, o filho Gilbert Mitterrand reconhece que esta foi mesmo a causa da morte. A eutanásia foi posta em prática por um médico que recorreu à administração de uma injecção para por fim ao longo sofrimento a que estava sujeito o ex-presidente.
As circunstâncias ocorreram há quase 17 anos e tenho sérias dúvidas que das afirmações publicadas possam resultar investigações, até porque este tipo de livros a “atirar para a teoria da conspiração”, não são muito levados a sério e dificilmente mantêm algum crédito. A ser verdade, e não sendo a eutanásia uma prática legal em França, acho que os responsáveis deviam ser punidos, opinião que tenho apenas do ponto-de-vista legal.
Quanto à prática da eutanásia por si só, não me choca, não discordo e vejo-a como um direito legítimo. Quando alguém está num sofrimento extremo, sem perspectivas de melhoras ou numa fase terminal de doença, é compreensível que deseje que tudo isso acabe e que a consequência que daí advém seja a eutanásia. Acho absurdo que se julgue alguém nessas condições e que tal possibilidade lhe seja negada. Não é minimamente justo achar que alguém deve aguentar um grau de sofrimento insuportável, simplesmente por ser do ponto de vista religioso ou moral inadequado não deixar que a natureza siga os seus desígnios. Não sou apologista de que esse seja o caminho a seguir, mas se tiver de ser que se aceite a escolha de quem a faz.

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