Foi ontem posto à
venda em França um livro, “O último tabu, revelações sobre a saúde dos
presidentes” de Denis Demonpion e Laurent Léger, que expõe alguns segredos dos
presidentes franceses. Uma das revelações está relacionada com a morte de
François Mitterrand, contrariando a versão de que terá falecido após anos de
luta contra um cancro. A versão que o livro aponta não refuta que Mitterrand
sofresse de cancro em fase terminal, no entanto refere que o antigo presidente foi
“ajudado a morrer”, ou seja, foi praticada a eutanásia.
Segundo o livro, o filho
Gilbert Mitterrand reconhece que esta foi mesmo a causa da morte. A eutanásia
foi posta em prática por um médico que recorreu à administração de uma injecção
para por fim ao longo sofrimento a que estava sujeito o ex-presidente.
As circunstâncias
ocorreram há quase 17 anos e tenho sérias dúvidas que das afirmações publicadas
possam resultar investigações, até porque este tipo de livros a “atirar para a
teoria da conspiração”, não são muito levados a sério e dificilmente mantêm
algum crédito. A ser verdade, e não sendo a eutanásia uma prática legal em
França, acho que os responsáveis deviam ser punidos, opinião que tenho apenas
do ponto-de-vista legal.
Quanto à prática da
eutanásia por si só, não me choca, não discordo e vejo-a como um direito legítimo.
Quando alguém está num sofrimento extremo, sem perspectivas de melhoras ou numa
fase terminal de doença, é compreensível que deseje que tudo isso acabe e que a
consequência que daí advém seja a eutanásia. Acho absurdo que se julgue alguém
nessas condições e que tal possibilidade lhe seja negada. Não é minimamente
justo achar que alguém deve aguentar um grau de sofrimento insuportável,
simplesmente por ser do ponto de vista religioso ou moral inadequado não deixar
que a natureza siga os seus desígnios. Não sou apologista de que esse seja o
caminho a seguir, mas se tiver de ser que se aceite a escolha de quem a faz.
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