Por
hábito desconfio de unanimidades. As unanimidades fazem-me pressupor que alguma
coisa não é exactamente como devia ser, ou seja, alguém não exerceu a
manifestação da sua opinião como a sentia, independentemente do motivo,
geralmente por falta de coragem.
Surge este desabafo na sequência de mais uma votação na Assembleia
da República, curiosamente hoje sobre o polémico orçamento de estado
para o próximo ano. Com um orçamento de estado tão discutível e de
praticabilidade e eficácia tão duvidosa, tenho sérias dúvidas, para não dizer
completa certeza, de que nem todos os deputados da coligação PSD/CDS concordam
com a sua aprovação. Exceptuado Rui Barreto do CDS, todos votaram
favoravelmente.
A disciplina
partidária no sentido de voto foi mais forte que a manifestação da sua opinião
e defesa dos interesses do país e de quem votou neles para a sua representação nas
decisões sobre o seu destino.
Todos os deputados,
exceptuando Rui Barreto, põem os interesses partidários à frente dos interesses
dos estrangulados cidadãos ou então subestimam o estrangulamento. Todas as
outras bancadas padecem do mesmo mal, se não foi nesta votação será noutra
qualquer desde que as pressões do partido a tal obriguem.
Hoje, senti que
apenas um homem me representou, seja por que motivo for, mesmo que tenha cedido
a outra qualquer conveniência sua. Teve coragem para ir contra os jogos de
interesses que prejudicam o país em benefício de organizações que roçam a
mafiosisse.
Nesta democracia
obviamente que não acredito.
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