Se as minhas
faculdades mentais se conservarem, nem que viva mais 100 anos (situação que é
extraordinariamente improvável) me esquecerei de um jogo que vi há cerca de 19
anos entre o meu Benfica e o Bayer Leverkusen, transmitido a partir do estádio
Ulrich Haberland em Leverkusen.
Depois de um empate
no estádio da Luz na primeira mão a uma bola, jogo a que assisti ao vivo e do
qual ainda conservo o bilhete, o Benfica foi à Alemanha disputar os
quartos-de-final da Taça das Taças da época 1993/94 em situação desfavorável.
Se a primeira mão foi um jogo muito táctico e nem sempre bem jogado, este
segundo foi um jogo de loucos e o resultado foi um pouco habitual 4 a 4.
Tinha apenas 13 anos
mas aquele jogo ficou-me gravado na memória e dificilmente será apagado. O
Benfica entrou a atacar, mas cedo começou a perder através de um golo do Ulf
Kirsten, melhor jogador dos alemães, com o guarda-redes Neno aos papéis. Já no
início da segunda parte chegaram ao segundo, despejando um autêntico balde de
água fria no meu ânimo.
Contra todas as
expectativas o Glorioso reagiu melhor ao segundo que ao primeiro e partiu para
cima dos alemães com todas as forças que tinham e no minuto seguinte, o Abel
Xavier, depois de um toque de calcanhar do Rui Costa, enche o pé e prega com a
bola nas redes da baliza do Leverkusen. Este foi um momento arrebatador e que
está fresco na minha memória como se tivesse acontecido hoje.
Se o jogo tinha
aquecido ainda mais naquele momento, melhor ficou quando o João V. Pinto
passado mais um minuto empata o jogo e mete o Benfica em situação de vantagem
na eliminatória. Era um “quase milagre”! Para nós, o relógio não andava, já os
alemão sentiam o contrário.
Aos 78 minutos, era
mais uma machadada nas aspirações deles, o russo Kulkov fazia o 3 a 2 e
obrigava-os a marcar 2 golos para se apurarem para a eliminatória seguinte. Se
assim tinha de acontecer, assim aconteceu! Aos 80 minutos Ulf Kirsten marca o
seu segundo e empata o jogo e dois minutos depois, o Checo Hapal marca o 4 a 3.
Tudo se desmoronou, ou quase, estávamos em desvantagem mas naquele jogo de
loucos tudo era possível, mesmo com apenas 8 minutos para jogar. Acredita
Benfica! ACREDITA! E acreditou, fez das tripas coração, encheu o peito de ar,
cerrou os dentes e foi para a frente com tudo e mais alguma coisa, um golo
marcado era a salvação, um golo sofrido era a morte na praia. Vai Benfica, Vai!
É só mais um!
Com 5 minutos para
jogar, Kulkov pega na bola no meio-campo benfiquista, dá para o João Pinto que
naquele seu toque de bola característico a leva colada ao pé, tira um alemão da
frente com um drible curto, aguenta o toque, dá mais dois ou três passos com a
bola no pé e faz a abertura para a entrada da área onde aparece o Kulkov,
sustém-se a respiração… o seu posicionamento é privilegiado e num toque de
primeira com a biqueira da bota completamente inesperado, a bola levanta, o
guarda-redes voa, a redondinha passa por ele e cola-se às redes!
Acho que quando a
bola chegou ao russo já eu ia no ar com os braços levantados e o coração a palpitar
o mais que podia, enquanto gritava GOLOOOOOOO!!!!!!!!!!!!!!!! O meu pai alinhou
no coro e até a minha mãe que não ligava nada às coisas da bola, festejava
também! Estava ganho, agora sim o jogo estava ganho e já ninguém nos tirava a
vitória mesmo que na realidade tivéssemos empatado a 4. Faltava sofrer 5 minutos
e acho que nesses 5 minutos até o terço rezei.
Desse 15 de Março de
1994 recordo-me ainda do nome do defesa esquerdo da equipa alemã, um tal de
Franco… Franco Foda! Curioso!
Bayer Leverkusen 4 - 4 Benfica, 15 de Março de 1994
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