Alessandro Di Meo |
Para mim, será muito
difícil ver algum Papa que me faça nutrir por si a simpatia e admiração que
tinha por João Paulo II, por achar que era uma figura verdadeiramente
carismática e fiel aos requisitos que eu considero serem necessários para essa
missão. Posto isto, e já o disse aqui, posso afirmar que nunca simpatizei com o
Cardeal Joseph Ratzinger, Papa Bento XVI.
Quando anteontem o
meu operador de telemóvel, teve a amabilidade de me informar por SMS que o Papa
iria abdicar do cargo (palavras deles), fiquei surpreendido, até porque pensei
que falavam de Pinto da Costa e esse parece-me que não sai de lá tão depressa.
Quando vi que se referiam mesmo ao verdadeiro, o Bento, a surpresa não foi
menor.
A minha interpretação
da sua resignação não é a de um acto de coragem ou de cobardia, é a de uma
realidade invulgar, que não acontecia há mais de 600 anos, e que até é benéfica
para a igreja. Na altura em que o Papa João Paulo II se arrastou até ao fim dos
seus dias sem abdicar, admirei-o pela resistência, perseverança, pela superação
perante as dificuldades e espírito de sacrifício, mas achei que teria sido
melhor ter abdicado, ainda que nos tenha dado um exemplo notável.
No caso de Bento XVI,
que me parece ficar na história por uma ou outra vaidade e pela resignação,
acho que nos deixa outro exemplo também ele valioso, a sensatez em assumir que já não tinha capacidades físicas para desempenhar as funções que a missão lhe
exige. A Igreja católica é muitas vezes, justa e injustamente, acusada de não
evoluir e este caso parece-me ser um sinal de evolução louvável e de uma oportunidade de renovação.
Quanto à fotografia
do raio a atingir a Catedral de São Pedro, interpretada pelo autor como uma
manifestação de desagrado por parte de Deus, acho que é um belo momento
fotográfico e apenas isso. As conclusões e interpretações sobre a vontade de
Deus não me parece estarem ao nosso alcance.
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