Sinceramente, acho
que não tenho nada contra a generalidade dos comerciais que trabalham para os
operadores de televisão por cabo, telefone e internet, como já tive a
oportunidade de aqui dizer, mas esta semana aconteceu-me a seguinte situação
que aqui relato e que me faz questionar “Será que é mesmo implicância minha?!”.
Estava eu sossegado em
minha casa quando à hora de jantar tocam à campainha da entrada do prédio.
Levantei-me do assento, fui responder à chamada e ninguém me disse nada. Como a
televisãozinha do intercomunicador não mostrava imagem deduzi que alguém noutro
andar já tivesse respondido e dado ordem para abrir a porta. Comecei logo a
fazer suposições e aguardar que entretanto me tocassem à campainha da entrada
de casa.
Pouco tempo depois,
os meus poderes divinatórios foram confirmados. Abri a porta e o indivíduo:
- Boa noite sou o
(nome e apelido), trabalho para a (nome da empresa) e queria fazer-lhe uma
perguntinha, tem televisão por cabo?
Respondi:
- Tenho. Já agora,
uma perguntinha também para si, foi você que me tocou à campainha e não me
respondeu?
O rapaz:
- É provável, mas
causei algum transtorno?
- Transtorno, não
causou mas não gosto que me toquem à campainha e depois não me respondam! – Disse
eu.
- Ah desculpe… mas já
agora não está interessado em conhecer a nossa promoção?
Respondeu o comercial
da empresa, que por sinal até é aquela com quem tenho contrato para o fornecimento
dos serviços que me queria apresentar.
- Não, não estou e além
disso tenho o jantar a arrefecer. Muito obrigado e tenha uma boa noite. –
Finalizei eu a conversa.
O rapaz desejou-me
também uma boa noite enquanto se afastou da entrada da minha casa.
No dia seguinte, toca
a campainha da entrada do prédio, mas desta vez a televisãozinha do
intercomunicador mostrou uma imagem de alguém, que não me era completamente
estranho.
- Boa noite. –
Cumprimentei ao atender.
- Boa noite, eu sou o
rapaz da (nome da empresa) que esteve cá no prédio ontem, o senhor pode
abrir-me a porta porque eu não acabei a volta.
Pára o mundo!!
Na minha cabeça passa
uma série de coisas em flash, que só mais tarde o meu cérebro compreendeu completamente:
Primeiro, o gajo está
a gozar comigo, de certeza!
Segundo, o gajo ou é
parvo ou faz-se de parvo!
Terceiro, o gajo está
a gozar comigo e é parvo!
Quarto, parvo sou eu
que atendi a campainha!
Quinto, somos os dois
parvos!
Possíveis respostas:
“- Claro que sim,
faça o favor de entrar.”
“- Não abro nada a
porta, vai mas é chatear o Ca…mões!”
Ou então aquela pela
qual optei, por me parecer a mais sensata, “Desculpe, mas eu não lhe vou abrir
a porta”
- Foi com o senhor que
eu falei ontem, o do (nº da minha porta)?
- Replicou o rapaz.
- Sou, mas não lhe
vou abrir a porta.
Respondi-lhe em jeito
de conclusão de conversa.
- Ah, é que eu
precisava de entrar para acabar a volta. – Insistiu.
- Pois, mas eu não
lhe vou abrir a porta.
- Ok, Boa noite –
Despediu-se, já com a ideia assimilada.
- Boa noite.
Finalizei antes de
pousar o auscultador.
Posto isto, convém
explicar os motivos que me levaram a responder que não abria a porta. Depois da
abordagem do dia anterior, obviamente que eu não lhe ia abrir a porta,
independentemente de ser comercial ou o senhor prior a desejar as boas festas. Não
tinha interesse em falar com ele, logo não tinha motivo para abrir a porta. Não
abro a porta do prédio a estranhos, isto porque é um mau principio abrir a
porta do prédio e permitir entrada a desconhecidos para andar a circular no seu
interior sabe-se lá por onde.
Se não gosto de ser
incomodado em lado nenhum, em minha casa muito menos.