12 de outubro de 2012

Desilusão Nobel


Foi ontem divulgada a atribuição do Prémio Nobel da Literatura ao chinês Mo Yan e hoje do Prémio Nobel da Paz à União Europeia. Refiro apenas estas duas categorias porque são aquelas em relação às quais eu tinha maior expectativa e por ficar com um amargo de boca em ambos os casos. Na minha modesta opinião, os vencedores não correspondem integralmente ao que me parecem ser os requisitos para a conquista do galardão.
Apenas um dos livros de Mo Yan se encontra traduzido para português e não consta da minha lista de prioridades de leitura, os restantes muito menos, visto não falar chinês. Portanto, desconheço a sua obra. O que me faz discordar com a atribuição do prémio, é a postura de Mo Yan, que em 1995 retirou de circulação o seu romance “Peito Grande, Ancas Largas”, por desagradar ao regime chinês, aproximando-se deste. Com esta atitude perdeu independência e liberdade para exprimir a sua arte na plenitude das suas capacidades. Acredito que não seja fácil resistir ao poder chinês, mas caberia à Academia Nobel ter a capacidade de destrinçar a sua falta de isenção e não o premiar. Ao fazê-lo é conivente com um regime opressivo.
Quanto ao premio Nobel da Paz, a desilusão é ainda maior. Nem sequer discuto se o prémio é atribuído pela ideia fundadora ser da união entre povos que pretendem cooperar entre si ou se isso tem sido posto em prática eficazmente ou não, até porque é uma discussão interminável sobretudo no período que atravessamos. O que me desilude é o facto de a Academia Nobel não aproveitar a influência e mediatismo que este prémio tem para dar força a uma qualquer causa nobre a precisar de cativar a comunidade internacional.
Não sei quem eram os candidatos propostos, mas no mundo inteiro haverá certamente um qualquer benfeitor a precisar urgentemente de dar visibilidade à uma nobre causa que ajude a salvar vidas, já para não falar na utilidade que poderia dar a quase 1 milhão de euros. Em 1996 o Nobel da Paz foi atribuído a Ramos Horta e D. Carlos Ximenes Belo e eu não tenho a mínima dúvida que nessa altura o prémio foi um empurrão fundamental para a independêndia de Timor-Leste. Em 2012 essa oportunidade foi desperdiçada. 

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