Foi ontem divulgada a
atribuição do Prémio Nobel da Literatura ao chinês Mo Yan e hoje do Prémio
Nobel da Paz à União Europeia. Refiro apenas estas duas categorias porque são
aquelas em relação às quais eu tinha maior expectativa e por ficar com um
amargo de boca em ambos os casos. Na minha modesta opinião, os vencedores não
correspondem integralmente ao que me parecem ser os requisitos para a conquista
do galardão.
Apenas um dos livros
de Mo Yan se encontra traduzido para português e não consta da minha lista de
prioridades de leitura, os restantes muito menos, visto não falar chinês.
Portanto, desconheço a sua obra. O que me faz discordar com a atribuição do
prémio, é a postura de Mo Yan, que em 1995 retirou de circulação o seu romance
“Peito Grande, Ancas Largas”, por desagradar ao regime chinês, aproximando-se
deste. Com esta atitude perdeu independência e liberdade para exprimir a sua
arte na plenitude das suas capacidades. Acredito que não seja fácil resistir ao
poder chinês, mas caberia à Academia Nobel ter a capacidade de destrinçar a sua
falta de isenção e não o premiar. Ao fazê-lo é conivente com um regime
opressivo.
Quanto ao premio
Nobel da Paz, a desilusão é ainda maior. Nem sequer discuto se o prémio é
atribuído pela ideia fundadora ser da união entre povos que pretendem cooperar
entre si ou se isso tem sido posto em prática eficazmente ou não, até porque é
uma discussão interminável sobretudo no período que atravessamos. O que me
desilude é o facto de a Academia Nobel não aproveitar a influência e mediatismo
que este prémio tem para dar força a uma qualquer causa nobre a precisar de cativar
a comunidade internacional.
Não sei quem eram os
candidatos propostos, mas no mundo inteiro haverá certamente um qualquer
benfeitor a precisar urgentemente de dar visibilidade à uma nobre causa que
ajude a salvar vidas, já para não falar na utilidade que poderia dar a quase 1
milhão de euros. Em 1996 o Nobel da Paz foi atribuído a Ramos Horta e D. Carlos
Ximenes Belo e eu não tenho a mínima dúvida que nessa altura o prémio foi um
empurrão fundamental para a independêndia de Timor-Leste. Em 2012 essa
oportunidade foi desperdiçada.
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